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“A situação é crítica, não há nada para comer”, diz coordenador de ONG francesa em Gaza

A guerra entre Israel e o Hamas entra em seu 81° dia nesta terça-feira (26) sem sinais de trégua, causando imensa destruição e um desastre humanitário na Faixa de Gaza. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o número crescente de pessoas em situação de fome, enquanto a maioria dos hospitais está fora de serviço. Em entrevista à RFI, Jehad Abu Hassan, coordenador da ONG francesa Primeiras Urgências na Faixa de Gaza, confirma a situação de insegurança alimentar no enclave palestino.

Palestinos coletam alimentos em um ponto de doação em um campo de refugiados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 23 de dezembro de 2023.
Palestinos coletam alimentos em um ponto de doação em um campo de refugiados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 23 de dezembro de 2023. © Mahmud Hams / AFP
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Com um passaporte francês, Abu Hassan foi repatriado no dia 6 de novembro, deixando para trás duas irmãs e um irmão na Faixa de Gaza. Ele conta que recebe mensagens dos parentes sobre as condições em que a família está vivendo.

“Atualmente, é extremamente difícil encontrar comida. Há escassez de praticamente tudo: alimentos, água, assistência médica, etc. E os poucos produtos que existem no mercado são muito caros”, afirma. “Por exemplo: um saco de farinha de 25 quilos que antes do dia 7 de outubro custava € 11 (cerca de R$ 58) hoje custa dez vezes mais”, compara.

Jehad Abu Hassan dá mais detalhes sobre a situação crítica na Faixa de Gaza. “Quando falamos em risco de fome, é verdade, pois em muitos lugares não há nada para comer. E quando alguém tem algo de comer, geralmente divide com os outros”, relata. “Aqueles que ainda têm um pouco de farinha oferecem um pão e assim por diante, mas obviamente isso não é suficiente. Portanto, em termos de segurança alimentar, há de fato uma crise aguda”, observa.

Quando estava no território palestino, Hassan ficou em um abrigo da ONU.

“No centro da ONU em que eu estava, havia distribuição de ajuda alimentar a cada 4 ou 5 dias. Recebíamos alguns enlatados. Hoje, as pessoas ainda fazem fila diante deste posto em busca de ajuda. Elas esperam por horas e algumas depois revendem essas latas de conserva por um preço mais alto para suprir outras necessidades”, relata. "Porém, havia somente quatro banheiros para 800 pessoas. Não era suficiente e ainda faltava água”, acrescenta. “Existe a propagação de doenças ligadas a essas condições precárias, como diarreia, pois as pessoas bebem água que não é potável”, denuncia.

As condições climáticas difíceis nessa época são um desafio a mais. “Faz frio em Gaza, chove de vez em quando e muita gente não tem abrigo. As pessoas ficam na rua, não têm banheiros e isso só piora a situação de saúde”, lamenta.

Ele conta que com o bloqueio de Israel, o número de caminhões com ajuda humanitária que chega a Gaza diminuiu. “Há caminhões que entram em Gaza, mas o número é pequeno, cerca de 20% do que abastecia o enclave antes do dia 7 de outubro”, calcula.  

Corte nas telecomunicações

Apesar dos apelos internacionais para uma trégua no conflito, diante do elevado número de mortes no território palestino sitiado, novos bombardeios tiveram como alvo a Faixa de Gaza nesta terça-feira. Israel anunciou a intensificação de sua ofensiva contra o Hamas.

No meio do fogo cruzado, a empresa palestina de telecomunicações Paltel anunciou um novo corte nas telecomunicações na Faixa de Gaza, o quarto desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. “Lamentamos anunciar a interrupção total dos serviços fixos de telecomunicações e internet (…) na Faixa de Gaza devido à continuidade dos confrontos”, afirmou a empresa em um comunicado, acrescentando que as suas equipes técnicas “estavam trabalhando para restabelecer os serviços, apesar das condições perigosas no terreno".

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou um novo balanço de vítimas das operações militares israelenses na Faixa de Gaza: 20.915 mortos do lado palestino desde o início da guerra, em 7 de outubro. Este número inclui 241 mortos nas últimas 24 horas. O número de feridos desde o início do conflito foi revisto para 54.918. 

(Com informações da RFI e AFP)

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