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Israel intensifica ataques em Gaza; descoberta de massacre em kibutz choca opinião pública

O conflito nos dois lados da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza mostra uma escalada do horror. Os últimos números são surpreendentes: 1.200 israelenses mortos desde o último sábado (7), de acordo com o exército israelense. Do lado palestino, há mais de 900 mortos e 4.500 feridos, incluindo 30 mortos durante a noite de terça para quarta-feira (11), segundo o Hamas.

Fumaça vista após ataques israelenses em Gaza na manhã desta quarta-feira (11).
Fumaça vista após ataques israelenses em Gaza na manhã desta quarta-feira (11). AFP - MOHAMMED ABED
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No quinto dia de confrontos entre o exército israelense e o Hamas, os habitantes de Gaza continuam a sofrer bombardeios. Já em Israel, o choque vem da descoberta de um massacre em Kfar Aza, perto de Sderot, no sul do país.

Uma nova frente de combates foi aberta nesta madrugada, relata o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. Depois dos incidentes da terça-feira (10), na fronteira de Israel e Líbano, com tiros de foguetes e uma resposta israelense, agora os morteiros vieram da Síria. Israel não retaliou, por enquanto.

No sul, os intensos bombardeios da força aérea e da marinha israelenses na Faixa de Gaza visaram particularmente o bairro de Al Furqan, no norte do enclave palestino. Também há relatos de que a casa da família de Mohamed Deif, chefe das operações militares do Hamas, foi alvo. O exército israelense afirma ter atingido 80 alvos do Hamas durante a noite.

De acordo com o movimento islâmico palestino, os ataques noturnos israelenses na última noite em Gaza causaram a morte de pelo menos 30 pessoas e centenas ficaram feridas. Os ataques atingiram dezenas de edifícios residenciais, fábricas, mesquitas e lojas, disse Salama Marouf, chefe do gabinete de comunicação social do movimento islâmico palestino à AFP.

Aviões de guerra israelenses bombardearam hoje uma universidade islâmica na Faixa de Gaza, ligada ao movimento palestino Hamas, disseram um funcionário do campus e um correspondente da AFP. Conforme o último relatório da ONU, mais de 260 mil pessoas foram forçadas a fugir das suas casas na Faixa de Gaza, bombardeadas pelos ataques israelenses.

Massacre em um kibutz

O exército israelense, por sua vez, relata vários incidentes no próprio solo israelense. Pelo menos quatro palestinos armados foram mortos nos arredores da Faixa de Gaza. Houve confronto também em Jerusalém Oriental: a polícia matou dois moradores do bairro Al Silwan.

O massacre de Kfar Aza, perto de Sderot, está na primeira página da imprensa e choca a opinião pública, relata a enviada especial da RFI a Israel, Murielle Paradon. Esse kibutz israelense, perto da Faixa de Gaza, foi invadido por um comando do Hamas e depois libertado pelas forças de Israel.

Os jornalistas levados ao local por soldados israelenses puderam ver os cadáveres não só de moradores, mas também dos combatentes. Cerca de cem pessoas foram mortas, incluindo crianças pequenas. Alguns residentes também teriam morrido queimados em suas casas.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, deslocou-se a um kibutz vizinho, em Beeri, onde também ocorreu um massacre, e declarou: “Quem decapitar cidadãos, matar mulheres e sobreviventes do Holocausto será executado. Usaremos todos os meios, não haverá compromisso.”

Operação terrestre sendo preparada

A preocupação é também o destino dos reféns. Pode haver até 150 pessoas, incluindo estrangeiros, sequestrados pelos comandos do Hamas e levados para Gaza. Testemunhos de famílias devastadas pela dor aparecem na mídia, exigindo libertação dos reféns.

As autoridades israelenses têm nas mãos essa terrível equação: o que fazer em relação aos reféns? Deveriam iniciar negociações, libertando em troca milhares de prisioneiros palestinos detidos por Israel? Ou lançar uma grande operação em Gaza, mesmo que isso signifique perder os reféns? Há movimentos de tropas na fronteira. Em qualquer opção, o exército israelense anuncia que vai atacar com muita força.

Organizações humanitárias em Israel alertam para os ataques à população civil e para a violação do direito humanitário internacional, apontando para o bloqueio total do território palestino já em vigor.

A ONU indicou ontem que o direito internacional “proíbe” o cerco a Gaza. “Não me decepcionem”, disse o presidente americano Joe Biden num discurso muito bem recebido em Israel, interpretado como luz verde para uma operação terrestre.

A opinião pública em Israel aguarda a formação de um governo de emergência que possa reforçar a unidade necessária para tal campanha militar. Mas, por razões inexplicáveis, Benyamin Netanyahu rejeitou até o momento essa opção. Ele também enfrenta forte pressão das famílias dos israelenses detidos em Gaza. Num editorial desta quarta-feira, o diário oposicionista Haaretz exige uma troca de prisioneiros o mais rapidamente possível.

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