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Xi Jinping encerra visita à Rússia sem avanços para paz na Ucrânia

O presidente da China, Xi Jinping, deixou Moscou nesta quarta-feira (22) depois de encerrar uma visita de três dias à Rússia focada no fortalecimento dos laços com Vladimir Putin. A proposta chinesa de um plano de paz na Ucrânia não avançou. Os resultados concretos das conversas são sobretudo comerciais e de reforço da parceria estratégica no enfrentamento das tensões com o Ocidente.

Xi Jinping e Vladimir Putin fizeram dois dias de reuniões em Moscou para tratar de interesses comerciais e exibir união de forças contra o Ocidente.
Xi Jinping e Vladimir Putin fizeram dois dias de reuniões em Moscou para tratar de interesses comerciais e exibir união de forças contra o Ocidente. AP - Sergei Karpukhin
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O avião do líder chinês deixou o aeroporto Vnukovo de Moscou depois de Xi receber as últimas homenagens protocolares executadas por uma guarda de honra que tocou os hinos nacionais russo e chinês, cita a agência de notícias RIA Novosti. Funcionários do alto escalão do governo russo estiveram presentes para a decolagem.

Durante a visita, Vladimir Putin e Xi Jinping elogiaram na terça-feira (21) a entrada em uma "nova era" de seu relacionamento "especial" com o Ocidente, com o presidente russo apoiando cautelosamente o plano da China para resolver o conflito na Ucrânia, enquanto acusava Kiev de rejeitar a proposta.

Washington, que manifestou nas últimas semanas a preocupação de que a China pudesse fornecer armas à Rússia, expressou desconfiança em relação a uma suposta neutralidade de Pequim, que nunca condenou a invasão russa na Ucrânia. "Se a China quer desempenhar um papel construtivo", disse um porta-voz da Casa Branca na terça-feira, "deveria instar a Rússia a encerrar a ofensiva na Ucrânia".

Americanos e europeus acreditam que um cessar-fogo neste momento só iria validar os ganhos territoriais de Moscou e dar mais tempo às tropas russas, desafiadas pela resiliência do Exército ucraniano, a preparar uma nova fase de sua ofensiva.

O governo da Ucrânia saudou o envolvimento diplomático de Pequim, mas ressaltou que a Rússia deve retirar suas tropas e respeitar a soberania e a integridade territorial do país independente desde 1991.

Na ausência de um avanço sobre o fim do conflito, o objetivo da cúpula foi, sobretudo, de demonstrar a força das relações entre a Rússia e a China, num contexto de tensões geopolíticas cada vez mais intensas. Xi qualificou a Rússia e a China como "duas grandes potências vizinhas", "parceiras estratégicas" na esfera global, em oposição à ordem mundial instaurada no pós-guerra.

Em uma declaração conjunta com tonalidade dos tempos da Guerra Fria, os dois líderes criticaram o Ocidente com veemência, acusando os Estados Unidos de "minar" a segurança internacional para manter sua "superioridade militar", e expressaram "preocupação" com a crescente presença da Otan na Ásia.

Taiwan condenou formalmente o trecho da declaração conjunta que afirma que a ilha é uma parte "inalienável" do território chinês. Para Taipei, Putin cedeu às exigências de Pequim, que "continua a veicular falsas declarações na cena internacional para denegrir e minar a soberania do nosso país", indica uma nota do governo taiwanês. 

Quebra de isolamento

A visita de Xi a Moscou representou um importante apoio a Putin, que é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) desde a semana passada pela deportação de crianças ucranianas para a Rússia, um crime de guerra.

A visita do presidente chinês a Moscou ocorre em um momento em que Putin redireciona a economia russa maciçamente para a China, devido às sanções ocidentais desencadeadas pela ofensiva na Ucrânia. Na terça-feira, Putin anunciou que havia chegado a um acordo com Xi sobre a construção do gigantesco gasoduto Força da Sibéria 2, que permitirá à Rússia fornecer 50 bilhões de metros cúbicos adicionais de gás por ano à China.

Tratado como um pária pelo Ocidente desde o início do conflito na Ucrânia, Putin pode contar com Pequim para romper seu isolamento internacional. Xi o convidou a visitar a China neste ano.

(Com informações da AFP)

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