Ucrânia: Zelensky fala em ‘vitória inevitável’; UE aprova 10º pacote de sanções contra a Rússia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse nesta sexta-feira (24) que almeja uma "vitória inevitável" este ano contra a Rússia, apoiada por muitos países, pela União Europeia e pelo G7, que anunciaram um novo reforço de suas sanções contra Moscou. Em Moscou, o número dois do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, também prometeu "vitória", afirmando que a Rússia está pronta para ir até as "fronteiras da Polônia".
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Volodymyr Zelensky, que se tornou o rosto da resistência ucraniana em todo o mundo, estabeleceu o objetivo de derrotar o gigante russo "este ano". "Se os parceiros cumprirem suas palavras e prazos, uma vitória inevitável nos espera", afirmou o líder ucraniano em uma entrevista coletiva.
“Se o general [e chefe do Estado-maior americano Mark] Milley quer que expulsemos o inimigo mais rapidamente, ele deve acelerar a entrega de armas”, acrescentou Zelensky.
Em visita a Kiev, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, havia anunciado anteriormente a chegada dos primeiros quatro tanques de batalha Leopard 2, e que outros tanques chegariam "em alguns dias".
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, por sua vez, anunciou que seu país entregaria quatro tanques Leopard 2 adicionais à Ucrânia, elevando sua contribuição nessa área para oito.
Novas sanções
A presidência sueca da UE também indicou que o bloco aprovou um novo conjunto de sanções contra a economia russa na noite desta sexta-feira. “Hoje a UE aprovou um 10º pacote de sanções que inclui, entre outras medidas, restrições mais rígidas à exportação de tecnologia e bens de uso duplo, medidas restritivas direcionadas contra pessoas e entidades que apoiam a guerra, disseminam propaganda ou entregam drones que são usados pela Rússia, além de medidas contra a desinformação russa”, informou.
Em Kiev, o presidente Zelensky prestou homenagem pela manhã aos soldados ucranianos que estão no front e àqueles que morreram em batalha, durante uma cerimônia no pátio da Catedral de Santa Sofia.
Diversos eventos em todo o país lembraram este primeiro ano do conflito, inclusive em Boutcha, local de um massacre de civis atribuído às tropas russas. Manifestações em todo o mundo também se solidarizaram à Ucrânia nesta sexta-feira.
A Assembleia Geral da ONU exigiu na quinta-feira (23) por uma maioria esmagadora uma retirada "imediata" das tropas russas do território ucraniano. Mas houve abstenções de peso, a começar pela China, parceira estratégica da Rússia.
Os líderes da Otan, França, Alemanha e UE reiteraram seu apoio à Ucrânia. O G7 ameaçou "custos severos" para os países que continuarem a ajudar a Rússia a contornar as sanções.
Homenagens pelo mundo
Em Paris, a Torre Eiffel foi iluminada desde quinta-feira com as cores da bandeira ucraniana, homenagem que poderá ser vista até este domingo (26). Em Berlim, a estrutura danificada de um tanque russo foi instalada em frente à embaixada da Rússia, com o canhão apontado para o prédio diplomático.
Em Hollywood, cerca de 30 estrelas transmitiram seu "amor" e dirigiram suas orações à Ucrânia. "Estamos pensando em vocês, enviando amor, enviando nossa força, nossas orações e sempre mantendo vocês em nossos corações", revelou a atriz Julia Roberts.
“E a força sempre estará com vocês”, afirmou o ator Mark Hamill, que interpretou Luke Skywalker na saga “Star Wars”.
EUA e China
Os Estados Unidos anunciaram sexta-feira, em coordenação com os países do G7, uma nova salva de sanções, visando, entre outros, empresas e pessoas russas nos setores de metal, mineração, equipamentos militares ou semicondutores.
Questionado pela ABCNews, o presidente dos EUA, Joe Biden, no entanto, renovou sua oposição a qualquer entrega "nesta fase" à Ucrânia de caças F-16, solicitados por Zelensky.
A China pediu a realização de negociações de paz russo-ucranianas, citando o respeito pela integridade territorial ucraniana e as reivindicações de segurança russas. Uma equação até então impossível.
Os ocidentais rejeitaram amplamente essa iniciativa, mas Zelensky considerou "necessário" "trabalhar" com Pequim e disse que planeja uma reunião com seu colega Xi Jinping. Moscou afirmou ter "apreciado" o esforço chinês, mas considerou que a integridade da Ucrânia não poderia ser respeitada, julgando que a anexação reivindicada por Moscou de regiões ucranianas era "uma nova realidade territorial".
Cerca de 8 milhões de deslocados
Vladimir Putin deu início na manhã de 24 de fevereiro de 2022 ao pior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Um ano depois, cidades inteiras foram destruídas, parte do país está ocupada e o saldo humano é de mais de 150 mil mortos e feridos em ambos os lados, de acordo com estimativas ocidentais. Além disso, cerca de 8 milhões de ucranianos foram deslocados.
Desde o início do conflito, o exército ucraniano infligiu uma série de reveses ao Kremlin, empurrando o invasor de Kiev ao norte, nordeste e sul do país. Com o inverno, a frente se estabilizou, mas os dois lados preparam novas ofensivas.
Putin acusou o Ocidente durante toda a semana de travar uma guerra contra ele por procuração, enquanto promete continuar "metodicamente" sua ofensiva.
(Com informações da AFP)
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