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“Ele amava seu país”, diz ucraniana ao enterrar marido em Kharkiv, onde ofensiva russa avança

O exército russo reivindicou neste sábado (18) a captura de Grianykivka, uma cidade na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, onde suas tropas estão na ofensiva há várias semanas. Os enterros se multiplicam nos cemitérios locais, principalmente do lado das vítimas ucranianas.

Zona militar do cemitério de Kharkiv, coberta com bandeiras ucranianas.
Zona militar do cemitério de Kharkiv, coberta com bandeiras ucranianas. © Anastasia Becchio / RFI
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Com informações de Anastasia Becchio e Boris Vichith, enviados especiais da RFI a Kharkiv, e agências

No cemitério de Kharkiv, a segunda maior cidade da ucrânia, três tiros disparam em homenagem a Igor Koteliuk, morto aos 45 anos perto de Bakhmout. A família e os amigos do ucraniano estão reunidos em volta do caixão aberto, enquanto o padre Alexandre Mazepa faz uma prece.

“Muitos de nossos soldados estão morrendo”, constata o religioso. “A Igreja reza por aqueles que deram suas vidas como uma forma de sacrifício e morreram como heróis”, diz o padre.

“Meu marido era policial, mas não atuava mais”, conta Svetlana, a viúva. “Quando a guerra começou, ele foi se alistar no primeiro dia. Eu disse: ‘Igor, não vá’. Mas ele respondeu que era seu dever”, explica, enquanto o caixão é fechado e enterrado.

“Ele amava a vida, era alegre e era um patriota ucraniano. Ele amava seu país e a língua ucraniana, embora na maioria das vezes falasse russo. Eu sempre achei que ele escaparia balas. Eu acreditava nisso, esperava que tudo desse certo”, desabafa, antes de cobrir o túmulo com flores.

Enterro de Igor Koteliuk no cemitério de Kharkiv: “Quando a guerra começou, ele foi se alistar no primeiro dia. Eu disse: ‘Igor, não vá’. Mas ele respondeu que era seu dever”
Enterro de Igor Koteliuk no cemitério de Kharkiv: “Quando a guerra começou, ele foi se alistar no primeiro dia. Eu disse: ‘Igor, não vá’. Mas ele respondeu que era seu dever” © Boris Vichith / RFI

Três outras famílias sepultam seus próximos a poucos metros de Svetlana, antes de colocar uma bandeira ucraniana sobre ao lado do túmulo. Visto de longe, o cemitério parece um mar azul e amarelo, com bandeiras do país tremulando com o vento. Em menos de um ano, mais de 500 sepulturas foram criadas apenas na área militar do cemitério de Kharkiv.

Enquanto isso, ao oeste da cidade, Moscou afirma que suas tropas avançam com sucesso em sua empreitada militar. "Na direção de Kupiansk, como resultado de ações ofensivas (...) a cidade de Grianykivka, na região de Kharkiv, foi totalmente libertada", anunciou o Ministério da Defesa russo em comunicado. Em seu relatório matinal, o exército ucraniano disse neste sábado que o vilarejo havia sido "bombardeado" pela artilharia russa no dia anterior, sem dar mais detalhes.

Parte da região de Kharkiv foi tomada pelos russos nos primeiros dias da intervenção militar, há um ano. Os ucranianos haviam recuperado Kupiansk após uma contraofensiva relâmpago. Mas há vários dias as forças de Moscou, reforçadas pela mobilização de centenas de milhares de reservistas na Rússia, voltaram ao ataque nesta área.

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