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Alegando cansaço, Jacinda Ardern anuncia decisão de deixar a chefia de governo da Nova Zelândia

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou nesta quinta-feira (19) que vai sua renunciar ao cargo. Em um comunicado inesperado, ela admitiu o desgaste sofrido pelas intensas demandas do cargo.

Jacinta Ardern, Primeira-ministra da Nova Zelândia. Sede da ONU, Nova Iorque. 24 de Setembro de 2019.
Jacinta Ardern, Primeira-ministra da Nova Zelândia. Sede da ONU, Nova Iorque. 24 de Setembro de 2019. AFP - JOHANNES EISELE
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"Esses foram os cinco anos e meio mais gratificantes da minha vida, mas também houve desafios", declarou Ardern. "Eu sei o que este trabalho exige e sei que não tenho mais energia para fazer justiça a ele, é simples assim", explicou ela.

“Sou humana. Os políticos são humanos. Damos tudo o podemos e o tempo que podemos e, depois, chega um momento. Para mim, chegou o momento. E quero muito voltar a passar tempo com a minha família", afirmou a primeira-ministra, nesta quinta-feira.

O estresse ficou evidente nos últimos meses, quando Ardern mostrou uma rara perda de compostura ao ser vista com um microfone chamando um político da oposição de "idiota arrogante".

A premiê, de 42 anos, foi eleita chefe de Governo em 2017 e, em seu primeiro mandato tumultuado, enfrentou o pior ataque terrorista da história do país, uma erupção vulcânica mortal e a pandemia de Covid-19. Com apenas 37 anos à época, ela se tornou a governante mais jovem desde 1856 e um ícone global da política progressista.

Em 2020, Ardern conquistou um segundo mandato. Porém, sua popularidade diminuiu, pressionada pela crescente desconfiança no governo, pela deterioração da economia neozelandesa e pelo crescimento da oposição conservadora.

Imagem carismática

Quando Ardern estava havia apenas 18 meses no cargo, um supremacista branco armado disparou contra duas mesquitas em Christchurch, durante as orações islâmicas de sexta-feira, deixando 51 muçulmanos mortos e 40 feridos. A resposta precisa e compassiva da primeira-ministra ao ataque de ódio definiu a imagem da carismática líder de centro-esquerda em todo o mundo. O fato de ela ter usado um lenço para confortar as famílias das vítimas dos tiroteios também contou a seu favor.

Jacinda Ardern foi elogiada por sua rápida resposta política ao tiroteio, incluindo a adoção de reformas na legislação sobre armas e fazendo pressão nas redes sociais para combater o discurso de ódio.

Depois do episódio de Christchurch, ela teve mais uma vez de oferecer consolo ao país, quando o vulcão White Island entrou em erupção. O episódio deixou 21 mortos e dezenas de pessoas tiveram queimaduras graves.

"Time de 5 milhões"

Durante a pandemia, Ardern lembrou os neozelandeses, constantemente, de serem "gentis", convocando-os a enfrentar o coronavírus como "um time de cinco milhões de pessoas".

O apoio da população a levou a conquistar um segundo mandato de três anos, em outubro de 2020. Sua proposta eleitoral se concentrou no sucesso de seu governo em conter a pandemia de coronavírus. Após uma série de rígidos confinamentos, a vida na Nova Zelândia voltou ao normal.

Filha de um policial, Ardern cresceu no interior da Ilha do Norte. Ela dizia que a pobreza que tinha visto por lá havia moldado suas crenças. Embora tenha sido criada como mórmon, ela abandonou a fé na juventude por causa da posição da sua igreja contra a homossexualidade.

Depois de estudar Comunicação, Jacinda Ardern iniciou a carreira política no gabinete da primeira-ministra Helen Clark, antes de ir para o Reino Unido trabalhar como assessora do governo de Tony Blair.

Ardern foi eleita ao Parlamento em 2008 e, em março de 2017, tornou-se líder trabalhista, sete semanas antes das eleições, naquele mesmo ano. Em 2018, tornou-se a segunda primeira-ministra do mundo a dar à luz enquanto estava no cargo. A primeira havia sido a paquistanesa Benazir Bhutto, em 1990.

Jacinda Ardern anunciou que deixará o cargo em 7 de fevereiro e que o Partido Trabalhista deve escolher, nos três dias seguintes, o seu sucessor. O vice-primeiro-ministro Grant Robertson já disse que não é candidato.

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