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Opositor russo é condenado a 8,5 anos de prisão por criticar invasão à Ucrânia

Um tribunal de Moscou condenou o oponente Ilya Yashin a oito anos e meio de prisão nesta sexta-feira (9) por espalhar "informações falsas" sobre o exército russo, depois de criticar a ofensiva militar na Ucrânia. O também opositor Alexey Navalny, condenado no ano passado a três anos e meio, denunciou um veredicto 'sem vergonha'. 

O opositor russo Ilya Yashin foi condenado a 8,5 anos de prisão.
O opositor russo Ilya Yashin foi condenado a 8,5 anos de prisão. REUTERS - POOL
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Yashin, de 39 anos, foi considerado culpado de cometer o "crime" de espalhar informações falsas sobre o exército russo, disse o presidente do tribunal. O opositor riu ao ouvir o veredicto. O promotor havia pedido nove anos de prisão.

Ilya Yashin, preso em junho, foi julgado por denunciar em uma transmissão ao vivo no YouTube "o assassinato de civis" na cidade ucraniana de Bucha, perto de Kyiv, pelo qual Moscou nega responsabilidade.

 A sua detenção não o impediu de continuar a criticar as autoridades e a denunciar a intervenção militar na Ucrânia.

Da prisão, Alexey Navalny denunciou a Rússia pela condenação do colega crítico do governo Ilya Yashin.

"Outro veredicto sem vergonha e sem lei do (presidente russo Vladimir) Putin não vai silenciar Ilya e não deve intimidar o povo honesto da Rússia. Esta é outra razão pela qual devemos lutar e não tenho dúvidas de que venceremos no final", escreveu Navalny em contas de mídia social que são gerenciadas por sua equipe.

Silenciar as vozes dissonantes

Após o lançamento da operação militar, as autoridades russas reforçaram o seu arsenal legislativo para silenciar as vozes críticas e várias pessoas já foram condenadas a anos de prisão por publicar "informações falsas" ou "desacreditar" o exército.

Na linha de frente da promoção da ofensiva militar lançada por Moscou na Ucrânia, os nacionalistas russos aproveitam a situação para prevalecer em uma arena política deserta após anos de repressão à oposição.

Roman Antonovski é um deles. Desde o início do conflito, em fevereiro, esse blogueiro "patriótico" multiplica suas aparições públicas.

"O patriotismo é a nova moda na Rússia", comemora o especialista em marketing de 42 anos, que se reuniu com a AFP antes de um show de rock "patriótico" em Moscou, onde lerá poemas nacionalistas.

"Quem está no front? Os nacionalistas que a gente vê aqui", garante antes de ir ao palco e gritar para o público: "Gosto dos seus rostos que não estão desfigurados pelo liberalismo!"

Antes marginalizados, vistos como muito extremistas e reprimidos - como toda a oposição na Rússia - os nacionalistas despontam agora como uma das forças políticas mais dinâmicas do país. E uma das mais livres.

Se opositores liberais foram presos, como Alexei Navalny, ou forçados ao exílio, os nacionalistas não hesitam em expressar suas críticas, seja para acusar os generais de serem brandos na Ucrânia ou para exigir uma mobilização geral dos homens em idade de combate.

Após as derrotas sofridas em setembro pelas forças russas em Kharkiv (nordeste da Ucrânia), eles multiplicaram suas críticas ao Estado-Maior a tal ponto que o Kremlin os alertou para "tomar cuidado".

"Russofobia"

Sinal de seu novo peso político, a morte, no final de agosto, da filha do ideólogo ultranacionalista Alexander Dugin, em um atentado com carro-bomba atribuído por Moscou a Kiev, provocou grande comoção e uma onda de condolências, inclusive de Vladimir Putin.

Antes limitados às redes sociais, blogueiros, jornalistas e outros intelectuais de inspiração nacionalista agora recebem convites das principais redes de televisão.

 "O Kremlin se apoia nos nacionalistas para popularizar sua ofensiva na Ucrânia", explica o sociólogo Lev Gudkov, diretor do centro de pesquisa independente Levada.

No contexto do conflito, o sentimento compartilhado por muitos russos de uma hostilidade ocidental em relação ao seu país fornece uma caixa de ressonância ideal para suas mensagens.

Para 78% dos cidadãos, "a Rússia é um grande país cercado de inimigos", diz Gudkov, com base em uma pesquisa realizada por seu centro.

Na sua crônica semanal na rádio nacional Rossia, Antonovski defende "o grande Império Russo, a última muralha dos valores tradicionais", ataca o Ocidente liberal e propõe expurgar da cultura russa os "russófobos" e nacionalizar os meios de comunicação.

"A russofobia do Ocidente nos uniu", diz.

(Com informações da AFP)

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