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Opositor russo Alexei Navalny é condenado de novo, em mais um sinal da crescente repressão em Moscou

A Justiça da Rússia condenou o opositor do Kremlin Alexei Navalny por "insultar" um magistrado durante um julgamento, após ele ter sido condenado por "fraude". A dupla condenação deve resultar em uma nova pena de prisão, mais pesada, na mais recente ilustração da crescente repressão na Rússia.

O opositor russo Alexei Navalny, cercado por seus advogados, em julgamento na colônia penal de Pokrov, onde está preso. Em 22 de março de 2022.
O opositor russo Alexei Navalny, cercado por seus advogados, em julgamento na colônia penal de Pokrov, onde está preso. Em 22 de março de 2022. REUTERS - EVGENIA NOVOZHENINA
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"Navalny cometeu uma fraude, que é o roubo de propriedade de outros por um grupo organizado", disse a juíza Margarita Kotova. Os investigadores acusam Alexei Navalny de desviar milhões de rublos em doações para suas organizações anticorrupção.

"Navalny foi desrespeitoso no tribunal, insultando um juiz", completou a magistrada, sobre a acusação de desacato, pronunciada em um tribunal organizado na própria prisão onde o opositor está detido, há cerca de um ano. Ao final do julgamento, ele poderá ser transferido, a pedido da promotoria, para uma prisão com "regime severo", onde as condições de detenção são muito mais duras e que fica mais distante de Moscou.

A condenação por "fraude" abre caminho para uma nova sentença contra o principal opositor de Vladimir Putin. Ele já cumpre dois anos e meio de prisão em uma penitenciária localizada a 100 quilômetros a leste de Moscou, por violação de sua revisão judicial, após uma condenação anterior por peculato. O réu nega todas as acusações.

Navalny foi preso em janeiro de 2021, ao retornar à Rússia depois de vários meses de tratamento médico na Alemanha, para se recuperar de um envenenamento com o qual o Kremlin nega qualquer envolvimento.

O opositor deverá cumprir mais 13 anos de prisão em decorrência das últimas acusações de fraude e desacato, as quais o réu classifica como perseguição política.

O adversário de Vladimir Putin, de 45 anos, parecia pouco preocupado nesta terça-feira durante a audiência, enquanto o juiz apresentava as acusações contra ele, em uma sala cheia de seguranças. Navalny vestia o uniforme de preso, tinha o rosto magro e mantinha as mãos nos bolsos. Por duas vezes, riu em conversas com seus advogados, segundo um jornalista da AFP presente no local.

Cerca de 100 jornalistas assistiram a uma transmissão em vídeo da audiência, em uma sala de imprensa instalada na colônia penal. Nenhum apoiador do opositor estava presente, exceto seus dois advogados, em meio a uma onda de intimidação e repressão contra vozes críticas ao Kremlin.

Após uma audiência anterior, em 15 de março, Alexei Navalny afirmou no Instagram: "Se a prisão é o preço do meu direito humano de dizer as coisas que precisam ser ditas (...) então podem exigir 113 anos. Não vou desistir de minhas palavras ou minhas ações".

Movimento de Navalny foi banido

As autoridades russas alegam que o opositor e seus aliados procuram desestabilizar a Rússia com o apoio do Ocidente. O movimento fundado por Alexei Navalny foi classificado de "extremista" e banido da Rússia. Mesmo assim, seus partidários, entre os quais alguns fugiram do país, se esforçam para que suas vozes continuem a ser ouvidas nas redes sociais, especialmente contra a intervenção militar russa na Ucrânia.

Mesmo da prisão, Alexei Navalny continua enviando mensagens condenando os abusos de poder de Vladimir Putin. Desde a ofensiva russa na Ucrânia, ele se manifestou fortemente contra os combates. Apesar dos riscos envolvidos, Navalny continuou a convocar manifestações contra o conflito.

As autoridades russas reforçaram o seu arsenal legal, com pesadas penas de prisão para reprimir qualquer crítica ao exército russo. Em quase um mês, mais de 15 mil pessoas foram presas na Rússia por se manifestarem contra a ofensiva, segundo a ONG especializada OVD-Info.

Ao mesmo tempo, Moscou também reforçou o controle sobre a divulgação de informações sobre o conflito, bloqueando o acesso na Rússia a dezenas de meios de comunicação locais e estrangeiros.

Na segunda-feira (21), a Justiça russa baniu as populares redes sociais americanas Instagram e Facebook, acusadas, assim como Navalny, de "extremismo". Elas já estão bloqueadas na Rússia, assim como o Twitter e o TikTok.

Com informações da AFP

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