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Kara-Murza, opositor russo preso, ganha prêmio de direitos humanos Václav Havel

O Conselho da Europa atribuiu nesta segunda-feira (10) ao opositor russo preso Vladimir Kara-Murza, acusado recentemente pela Justiça russa de "alta traição", com o prêmio de direitos humanos Václav Havel 2022.  

Vladimir Kara Murza em Moscou, em 29 de janeiro de 2016.
Vladimir Kara Murza em Moscou, em 29 de janeiro de 2016. © AP - Dmitri Beliakov
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"Opor-se ao poder na Rússia de hoje exige uma coragem incrível", disse Tiny Kox, presidente da assembleia parlamentar da organização europeia com sede em Estrasburgo (nordeste da França). O prêmio Václav Havel, criado em 2013, recompensa com € 60 mil (US$ 58.160 no câmbio atual) ações excepcionais da sociedade civil em defesa dos direitos humanos.

Vladimir Kara-Murza, de 41 anos, é uma das últimas figuras da oposição ao presidente russo Vladimir Putin que ainda vive no país. O ex-jornalista era amigo do líder da oposição Boris Nemtsov, assassinado perto do Kremlin em 2015. Ele trabalhou com a organização de Mikhail Khodorkovsky, um ex-oligarca que se tornou um crítico de Putin no exílio. Kara-Murza afirma que foi envenenado duas vezes por agentes russos, em 2015 e 2017, por conta de suas atividades políticas.

"Ao iniciar sua invasão brutal na Ucrânia, Putin deu início a outra guerra: uma guerra sobre a verdade em nosso país", reagiu Kara-Murza em um texto lido no Conselho da Europa, em Estrasburgo, pela sua mulher, Evgenia Kara-Mourza. Esta recompensa, diz, é dedicada "aqueles que não podem continuar em silêncio diante de todas as atrocidades, mesmo que para isso paguem o preço de sua própria liberdade individual", declara.

Vladimir Kara-Murza é historiador, ex-jornalista e coordenador da ONG Rússia Aberta.
Vladimir Kara-Murza é historiador, ex-jornalista e coordenador da ONG Rússia Aberta. REUTERS/Aaron P. Bernstein

Alta traição

Preso na Rússia por suas críticas à invasão russa da Ucrânia, o oponente foi acusado na quinta-feira de "alta traição", um crime que acarreta duras penas de prisão. Em meados de março, a Rússia foi expulsa do Conselho da Europa como resultado da guerra na Ucrânia e, desde 16 de setembro, não é mais membro da Convenção Europeia de Direitos Humanos.

Em 2021, o prêmio foi para a opositora bielorrussa Maria Kolésnikova, condenada a 11 anos de prisão. Em 2020, a feminista Loujain al-Hathloul, que passou mais de mil dias atrás das grades na Arábia Saudita, foi homenageada. 

O júri do prêmio Vaclav-Havel havia designado dois outros finalistas para a edição de 2022: a Coalizão Arco-íris, um grupo de organizações de defesa dos direitos LGBTQIA+ na Hungria, e a Coalizão Ucrânia 5 AM, formada por associações que documentam possíveis crimes contra a humanidade cometidos na Ucrânia. Na semana passada, a Corte Europeia dos Direitos Humanos condenou Moscou por ter cancelado a candidatura de Vladimir Kara-Mourza às eleições russas, alegando que tinha dupla nacionalidade (russa e britânica).

(Com informações da AFP)

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