Acessar o conteúdo principal

'Humanidade se tornou arma de extinção em massa', declara Guterres na abertura da COP15

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou nesta terça-feira (6) as multinacionais por transformarem os ecossistemas mundiais em "brinquedos para obter lucro", e alertou que, caso não haja uma mudança de rumo, os resultados serão catastróficos.

António Guterres, secretário-geral da ONU, discursa na cerimônia de abertura da COP15, em Montreal. 6 de dezembro de 2022
António Guterres, secretário-geral da ONU, discursa na cerimônia de abertura da COP15, em Montreal. 6 de dezembro de 2022 REUTERS - CHRISTINNE MUSCHI
Publicidade

"Com nosso apetite sem fim por um crescimento econômico descontrolado e desigual, a humanidade se tornou uma arma de extinção em massa", afirmou Guterres em discurso antes do início da Conferência da ONU sobre a Biodiversidade (COP15), em Montreal.

Desde que assumiu o cargo, em 2017, Guterres, ex-primeiro-ministro português, fez das mudanças climáticas seu cavalo de batalha. Suas denúncias inflamadas na abertura solene da COP15 mostram que ele também está preocupado com o destino das plantas e dos animais ameaçados de extinção, entendendo que se trata da mesma crise.

Guterres discursou após o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, cuja fala foi interrompida por alguns minutos por representantes de um povo indígena, que exibiram uma faixa com os dizeres "Genocídio indígena = ecocídio".

Os desafios da COP15 são enormes: um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, um terço das terras do mundo estão gravemente degradadas e os solos férteis estão desaparecendo, enquanto a poluição e as mudanças climáticas aceleram a degradação dos oceanos.

Produtos químicos, o plástico e a poluição do ar sufocam a terra, a água e o ar, enquanto o aquecimento global causado pela queima de combustíveis fósseis provoca um caos climático, que vai de ondas de calor e incêndios florestais até secas e inundações.

Mais de 190 países se reúnem de 7 a 19 de dezembro para tentar selar um pacto de 10 anos pela natureza que evite a sexta extinção em massa. Mas o resultado das negociações, que envolvem cerca de 20 metas para proteger os ecossistemas até 2030, é incerto.

"Cacofonia do caos"

"Não estamos hoje em harmonia com a natureza. Pelo contrário, estamos tocando uma melodia muito diferente", uma "cacofonia do caos, tocada com instrumentos de destruição", resumiu o secretário-geral da ONU. "No fim das contas, estamos nos suicidando por poder", com impacto sentido no emprego, na fome e nas doenças e mortes, acrescentou.

O prejuízo econômico causado pela destruição dos ecossistemas é estimado em US$ 3 trilhões anuais a partir de 2030. No entanto, embora as evidências científicas sejam pouco discutidas, muitos pontos de atrito permanecem entre os membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU (195 Estados e a União Europeia, sem os Estados Unidos, um observador influente).

Entre os 20 objetivos em debate, a ambição principal, batizada de 30x30, visa a colocar pelo menos 30% das terras e dos mares do planeta sob uma proteção jurídica mínima até 2030, o que contrasta com os 17% e 10%, respectivamente, do acordo de 2010.

Além do primeiro-ministro canadense, nenhum chefe de Estado ou governo é esperado em Montreal.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.