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Coca-Cola, patrocinadora da COP27, lidera ranking de empresas que mais geram lixo plástico no mundo

De acordo com a classificação de 2022 da ONG Break Free From Plastic, divulgada nesta terça-feira (15), a Coca-Cola é a empresa que mais gera lixo plástico no mundo. O patrocínio é considerado "incompatível" com a luta contra as mudanças climáticas defendida no evento. 

Lixo plástico em praia de Costa del Este, Cidade do Panamá, em 21 de setembro de 2022.
Lixo plástico em praia de Costa del Este, Cidade do Panamá, em 21 de setembro de 2022. AFP - LUIS ACOSTA
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"É uma pura operação de 'greenwashing'", denuncia a coordenadora da Break Free From Plastic, Emma Priestland, ao jornal Le Monde. Pelo quinto ano consecutivo, a multinacional ocupa o topo da lista organizada pela ONG, ao mesmo tempo em que é uma das patrocinadoras da 27ª Conferência do Clima da ONU (COP27)

A cada ano, a Break Free From Plastic, grupo formado por milhares de associações, envia cerca de 200 mil voluntários a 87 países para recolher lixo plástico na natureza: praias, rios, parques, florestas, ruas. A missão da organização não é simples, já que o objetivo é identificar as marcas por trás dos detritos. 

Segundo o relatório divulgado nesta terça-feira, em 2022, mais de 31 mil dejetos pertencentes à Coca-Cola foram recolhidos em cerca de 40 países, um número que mais do que dobrou em relação a 2021 e triplicou desde 2018. Nos últimos cinco anos, os voluntários da Break Free From Plastic recolheram mais de 85 mil detritos da multinacional americana na natureza.

Patrocínio da COP27 é "chocante"

Para Emma Priestland, o patrocínio da Coca-Cola à COP27 é "chocante". Segundo a ONG, 90% do plástico utilizado para engarrafar a bebida é fabricado a partir de combustível fóssil. A cada ano, mais de 100 bilhões de garrafas saem das usinas da multinacional. Segundo o Greenpeace, essa produção representa cerca de 15 milhões de toneladas de CO2. 

No entanto, a Coca-Cola não é a única responsável por ocupar o trágico ranking. Depois da multinacional americana, o ranking de 2022 é ocupado respectivamente pela Pepsico, Nestlé, Unilever e Mondelez Internacional. "Chega! Vocês, poluidores, precisam parar de pressionar os consumidores. É a vez de vocês colocarem um fim à poluição plástica", diz a Break Free From Plastic em um vídeo divulgado nesta terça-feira. 

Vários outros patrocinadores da COP27 também estão aquém do engajamento ambiental defendido no evento. É o caso da Microsoft, a maior parceira tecnológica da indústria petroleira e do gaz. O envolvimento cada vez mais comum de multinacionais nas conferências da ONU não é uma mera coincidência. 

"Em Varsóvia, em 2013, de 3% a 5% do orçamento da COP19 foi financiada pelo setor privado", afirma ao jornal Libération Jesse Bragg, um dos porta-vozes da ONG Corporate Accountability International. A organização lidera a campanha "Kick Big Polluters Out of Climate Policy" (Tirem os grandes poluidores das negocições sobre o clima), que lançou no início deste mês uma iniciativa contra o "greenwashing" das grandes companhias. 

Coca-Cola se defende

Em um comunicado no site da COP27, a multinacional americana afirma que "o meio ambiente é uma questão-chave" para a empresa. A Coca-Cocla alega "compartilhar o objetivo de eliminar o lixo dos oceanos" e trabalhar para "reduzir em 25% as emissões de gás de efeito estufa até 2030 em relação a 2015".

As justificativas, no entanto, não convencem ambientalistas e parte dos consumidores mais atentos. Uma petição online de autoria de Georgia Elliott-Smith, uma das delegadas da COP26 em Glasgow, criada há duas semanas, reuniu até o momento quase 250 mil assinaturas. Os signatários pedem que a marca seja retirada da lista de patrocinadores do evento. 

Para a ONG Corporate Accountability International, a presença da Coca-Cola na COP27 é "o último sinal do profundo controle corporativo sobre as Nações Unidas, sob o disfarce da chamada parceria múltipla". "Em vez de regulamentar as grandes corporações maciçamente responsáveis ​​pela maioria das emissões globais até o momento, os poluidores estão recebendo 'oportunidades únicas' para patrocinar negociações políticas para enfrentar as crises globais que eles estão ajudando ativamente a exacerbar". 

Em outras palavras, "é como se tivéssemos convidado a indústria do tabaco para as negociações sobre o controle do tabagismo ou os motoristas de trânsito contra os crimes de trânsito!", denunciam as ONGs que integram a campanha "Kick Big Polluters Out of Climate Policy". 

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