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Ucranianos celebram retomada de Kherson; “Um dia histórico”, diz Zelensky

A Ucrânia retomou a cidade de Kherson dos russos nesta sexta-feira (11), "um dia histórico" de acordo com seu presidente, Volodymyr Zelensky, e uma conquista saudada na manhã deste sábado (12) pelos Estados Unidos como uma "vitória extraordinária".

Ucranianos exibem bandeiras azuis e amarelas nas ruas de Kiev após a retirada das tropas russas da cidade de Kherson, na noite desta sexta-feira, 11 de novembro de 2022.
Ucranianos exibem bandeiras azuis e amarelas nas ruas de Kiev após a retirada das tropas russas da cidade de Kherson, na noite desta sexta-feira, 11 de novembro de 2022. AP - Bernat Armangue
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"Parece que os ucranianos acabaram de obter uma vitória extraordinária: a única capital regional que a Rússia conquistou nesta guerra está agora de volta sob a bandeira ucraniana, o que é notável", declarou o assessor americano de Segurança Nacional, Jake Sullivan, que se encontra no Camboja, acompanhando o presidente Joe Biden na cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

"Hoje é um dia histórico. Estamos retomando o sul do país, estamos retomando Kherson", declarou o presidente ucraniano na noite de sexta-feira em seu discurso diário compartilhado nas redes sociais.

"As forças especiais já estão na cidade", ele continuou, acrescentando que seu primeiro trabalho seria neutralizar as inúmeras minas deixadas pelo exército russo, que ocupava Kherson desde meados de março.

Um vídeo postado no Telegram por Volodymyr Zelensky, apresentado como vindo de Kherson, mostrava soldados ucranianos se autodenominando da "28ª brigada" aplaudidos durante a noite por uma multidão cantando "V-C-U", sigla das forças armadas ucranianas.

Ucranianos saem às ruas de Kiev para celebrar a retomada de Kherson das forças russas, em 11 de novembro de 2022.
Ucranianos saem às ruas de Kiev para celebrar a retomada de Kherson das forças russas, em 11 de novembro de 2022. AFP - GENYA SAVILOV

“A guerra continua”

Seu ministro das Relações Exteriores afirmou neste sábado que a Ucrânia estava "ganhando batalhas no terreno. Mas a guerra continua". “Enquanto a guerra continuar e virmos a Rússia mobilizando mais recrutas e trazendo mais armas para a Ucrânia, é claro que continuaremos contando com seu apoio contínuo”, disse Dmytro Kouleba durante uma reunião bilateral com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, à margem do encontro no Camboja.

Esta retirada russa é a terceira em grande escala desde o início da invasão, em 24 de fevereiro. Recentemente, a Rússia já havia renunciado de tomar Kiev diante da feroz resistência dos ucranianos, antes de ser expulsa de quase toda a região de Kharkiv (nordeste) em setembro.

Na noite desta sexta-feira, na emblemática praça Maidan, em Kiev, moradores de Kherson, refugiados há meses na capital, comemoraram a notícia com euforia. “Finalmente minha cidade livre, aquela onde nasci, onde vivi toda minha vida”, revelou Nastia Stepenska com lágrimas nos olhos e as cores nacionais pintadas sobre o rosto. "Quando eles [os russos] chegaram, foi horrível, não sabíamos o que aconteceria no dia seguinte, se continuaríamos vivos", testemunha a estudante de 17 anos.

Mais cedo na sexta-feira, o Ministério da Defesa russo anunciou que havia concluído "a redistribuição" de suas unidades da margem direita (oeste) do rio Dnieper, onde está localizada a cidade de Kherson, para a margem esquerda, garantindo que não sofreram qualquer perda ou abandono de equipamento militar.

"Um assunto da Federação Russa"

De acordo com Moscou, "mais de 30 mil" soldados russos e "quase 5 mil unidades de armamentos e veículos militares foram retirados" da margem ocidental do Dnieper. A retirada tem um tom de derrota para o presidente russo, Vladimir Putin, que no final de setembro havia reivindicado a anexação de quatro regiões ucranianas, incluindo a de Kherson.

Apesar da retirada, a região continuaria sendo "um assunto da Federação Russa", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta sexta-feira. "Não pode haver nenhuma mudança", ele acrescentou, no primeiro comentário da presidência russa sobre este recuo.

Ainda no sul da Ucrânia, a governadora da região de Mykolaiv, Vitaliï Kim, também anunciou na noite desta sexta-feira que estava "totalmente libertada".

Com a aproximação do G20, cúpula das potências econômicas mundiais marcada para a próxima semana na Indonésia, de que Vladimir Putin desistiu de participar, a presidência francesa vislumbra a possibilidade de um diálogo. "Há um espaço muito claro no G20 para levar uma mensagem de paz e pedir à Rússia que entre na lógica da desescalada", anunciou um assessor do presidente francês, Emmanuel Macron.

"Uma grande maioria dentro do clube [do G20] considera que esta guerra tem grandes proporções e é insuportável para o resto do mundo", ele acrescentou.

"Reivindicações bizarras"

O assessor americano Jake Sullivan, questionado neste sábado sobre relatos de que o governo Biden teria começado a pressionar o presidente Zelensky a considerar negociações com Moscou, observou que a Rússia continua a ter "reivindicações bizarras" sobre suas autodeclaradas anexações.

"A Ucrânia é o partido da paz neste conflito e a Rússia é o partido da guerra. A Rússia invadiu a Ucrânia. Se a Rússia optar por parar de lutar na Ucrânia e sair, isso seria o fim da guerra. Se a Ucrânia optar por parar de lutar e desistir, seria o fim da Ucrânia", ele argumentou.

“Neste contexto, nossa posição permanece a mesma e, fundamentalmente, está em estreita consulta e em apoio ao presidente Zelensky”, completou Sullivan.

O presidente ucraniano repetiu nesta semana que a primeira condição para uma negociação era a retirada completa das tropas russas, que entraram na Ucrânia em 24 de fevereiro.

(Com informações da AFP)

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