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Reeleito secretário-geral do PCC, Xi Jinping exclui mulheres e blinda poder com aliados

Xi Jinping foi reeleito neste domingo (23) no cargo de secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) para um terceiro mandato de cinco anos. O homem forte de Pequim blindou o Comitê Permanente, a mais alta instância do PCC, posicionando quatro fiéis aliados na cúpula do poder. Pela primeira vez em 25 anos, não há mulheres no Politburo, órgão que define as políticas do país e nomeia as autoridades do governo. 

O líder chinês Xi Jinping caminha em direção ao palco onde proferiu o discurso de apresentação dos seis homens nomeados para o Comitê Permanente do Partido Comunista Chinês (PCC), principal instância do poder na China, remanejada para acolher aliados fiéis do presidente.
O líder chinês Xi Jinping caminha em direção ao palco onde proferiu o discurso de apresentação dos seis homens nomeados para o Comitê Permanente do Partido Comunista Chinês (PCC), principal instância do poder na China, remanejada para acolher aliados fiéis do presidente. AP - Andy Wong
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Cercado de aliados no topo da pirâmide de poder do PCC, Xi Jinping emerge do 20° Congresso do Partido Comunista Chinês como o líder mais influente da China desde Mao Tsé-Tung (1949-1976). O destaque do encontro foi a apresentação, na manhã deste domingo, do novo Comitê Permanente do PCC, ou seja, os seis homens que irão liderar a segunda maior economia do mundo ao lado de Xi.

O Comitê Permanente foi remanejado para acolher quatro homens de confiança do líder chinês. Entram no grupo Li Qiang, chefe do partido em Xangai e provável futuro primeiro-ministro; Cai Qi, do Partido Comunista de Pequim; Ding Xuexiang, ex-assistente político do presidente e Li Xi, secretário-geral do PCC na província de Guangdong. Além desses fiéis aliados, permanecem na cúpula Zhao Leji, ex-líder do principal organismo de combate à corrupção do partido, agora promovido ao número três da hierarquia partidária; Wang Huning, czar ideológico de Xi promovido para o posto número quatro; e o próprio Xi. O primeiro-ministro Li Keqiang deixou a instância para se aposentar.

O Comitê Central também escolheu os integrantes do Politburo, que desta vez terá 24 membros, segundo a lista divulgada neste domingo. Pela primeira vez em 25 anos, este grupo não terá a presença de nenhuma mulher. Sun Chunlan, a única mulher no Politburo anterior, se aposentou e nenhuma outra representante foi designada.

"Quero agradecer sinceramente a todo o partido pela confiança que depositaram em nós", afirmou à imprensa no Grande Salão do Povo de Pequim após o anúncio da votação a portas fechadas.

Xi prometeu "trabalhar com diligência no cumprimento de nossos deveres e provar o valor da grande confiança em nosso partido e nosso povo". Ele também foi designado novamente o comandante da Comissão Central Militar da China.

Com as nomeações, o líder de 69 anos tem praticamente assegurada a designação como presidente da China para um terceiro mandato, o que será anunciado formalmente durante as sessões legislativas anuais de março.

A eleição de Xi como secretário-geral encerrou o congresso organizado ao longo da última semana em Pequim. Desde sua criação em 1921, o encontro do PCC nunca havia acontecido em um momento tão delicado para o gigante asiático, que enfrenta uma desaceleração econômica provocada pelos repetidos confinamentos contra pandemia de Covid-19 e por tensões diplomáticas com o Ocidente.

Durante uma semana, os mais de 2.000 delegados selecionados entre os diversos organismos do partido se reuniram a portas fechadas para remodelar a cúpula de poder e, em seguida, definir a orientação das futuras políticas do país. Os delegados escolheram os quase 200 membros do novo Comitê Central, uma espécie de parlamento interno do partido, que teve a nova composição publicada pela agência oficial Xinhua.

Poder fortalecido

"Xi colocou seus aliados nas sete cadeiras do principal organismo de decisão do Partido Comunista, o que permitirá que domine o sistema político no futuro previsível", afirmou Neil Thomas, especialista em China do Eurasia Group.

Desde que chegou à presidência há uma década, Xi Jingping acumula poder como nenhum outro governante na história moderna da China, com exceção de Mao.

Em 2018, ele conseguiu eliminar o limite de dois mandatos presidenciais, o que abriu o caminho para que governo o país por tempo indeterminado.

Também liderou a ascensão da China como a segunda maior economia do planeta, estimulou uma grande expansão militar e uma postura internacional agressiva que gerou forte oposição dos Estados Unidos.

"Depois de mais de 40 anos de esforços incansáveis de reformas e abertura, nós criamos dois milagres: rápido desenvolvimento econômico e estabilidade social de longo prazo", afirmou Xi. "A China não pode se desenvolver sem o mundo e o mundo também precisa da China", insistiu.

Xi enfrentará grandes desafios em seu terceiro mandato de cinco anos, incluindo a gestão de uma economia endividada e a crescente rivalidade com os Estados Unidos.

Após sua reeleição, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas "mais calorosas felicitações" e disse que estava "feliz" para prosseguir o "diálogo construtivo e o trabalho comum próximo".

O dirigente norte-coreano Kim Jong Un disse que espera um "bom futuro" nas relações bilaterais.

Com informações da AFP

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