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Paquistão vive 'crise de proporções inimagináveis' com um terço do país debaixo d’água

O Paquistão realiza uma grande operação de resgate nesta segunda-feira (29), quando a ajuda internacional começa a chegar no país para lidar com as inundações causadas pelas chuvas das monções que já mataram pelo menos 1.130 pessoas. Um terço do território está inundado, de acordo com a ministra paquistanesa das Mudanças Climáticas.

Um jovem foge de sua casa inundada perto de Peshawar, em agosto de 2022.
Um jovem foge de sua casa inundada perto de Peshawar, em agosto de 2022. AP - Muhammad Sajjad
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As chuvas das monções que começaram em junho no Paquistão "são sem precedentes em 30 anos", disse o premiê paquistanês, Shehbaz Sharif, durante uma visita às áreas mais atingidas do norte do Paquistão para liderar as operações de socorro após as enchentes.

"Há um oceano de água por toda parte", acrescentou Sharif. Mais de 33 milhões de pessoas, ou um paquistanês em cada sete, foram afetadas pelas inundações, e quase um milhão de casas foram destruídas ou danificadas, de acordo com o governo.

Segundo o último boletim da National Disaster Management Authority (NDMA), pelo menos 1.130 pessoas morreram desde o início das monções em junho, 28 das quais nas últimas 24 horas.

A ministra das Mudanças Climáticas, Sherry Rehman, refere-se à tragédia como uma "crise de proporções inimagináveis". "Estamos acostumados com as monções todos os anos, mas nunca vimos nada parecido. Foram oito semanas de chuvas constantes", principalmente na província de Sindh (sul) e Baluchestan (sudoeste), relatou. 

As autoridades ainda tentam alcançar vilarejos isolados em áreas montanhosas no norte do país, o que suscita temores de um aumento no número de mortes.

A monção, que geralmente dura de junho a setembro, é essencial para irrigar plantações e reabastecer os recursos hídricos do subcontinente indiano. Mas em 2022 isso também trouxe desastre e destruição. Para Sherry Rehman, seu país vive "a monção monstruosa da década".

Autoridades paquistanesas atribuem esses eventos extremos às mudanças climáticas e afirmam que o Paquistão está sofrendo as consequências de práticas ambientais irresponsáveis em outras partes do mundo.

As chuvas deste ano são comparáveis com as de 2010, que mataram cerca de 2.000 pessoas e deixaram quase um quinto do país inundado.

"Difícil de aterrar"

O NDMA disse que mais de 80.000 hectares de terra arável haviam sido devastados, e mais de 3.400 km de estradas e 157 pontes foram destruídos.

O rio Indus ameaça explodir suas margens, alimentado por dezenas de riachos e torrentes transbordadas pelas fortes chuvas.

A maior parte da região está agora sob as águas, o que dificulta as operações de resgate, supervisionadas pelo exército paquistanês.

"Não há zona de pouso ou área de aproximação disponível (...) É difícil para nossos pilotos pousarem", disse à agência AFP um oficial militar, que solicitou o anonimato.

Os helicópteros do exército também estão lutando para socorrerem pessoas em perigo no norte do país, onde o relevo, com altas montanhas e vales profundos, tornam as condições de voo muito arriscadas. 

O governo paquistanês declarou estado de emergência e apelou para a comunidade internacional pedindo ajuda. No domingo, chegaram os primeiros voos de ajuda humanitária da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos.

As inundações vêm em um momento muito difícil para o Paquistão, cuja economia está no marasmo e que está passando por uma profunda crise política depois que o primeiro-ministro Imran Khan foi deposto em abril por uma moção de desconfiança no Parlamento.

As Nações Unidas e o governo paquistanês vão lançar nesta terça-feira (30) um apelo oficial de doações. Segundo a ONU, pelo menos US$ 160 milhões seriam necessários para financiar a ajuda de urgência no país. 

(Com AFP)

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