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Famílias de vítimas da explosão conseguem impedir destruição total de silos do porto de Beirute

Agora está decidido. Depois de muita negociação entre parentes das vítimas e o governo libanês, a parte sul dos silos do porto de Beirute será preservada como uma "testemunha silenciosa" da tragédia ocorrida em 4 de agosto de 2020, como desejado pelos familiares.

Foto tirada em 12 de agosto de 2022 mostra parte dos silos de grãos do porto de Beirute, que desabou. Os silos danificados tornaram-se uma lembrança sombria da explosão de 4 de agosto de 2020.
Foto tirada em 12 de agosto de 2022 mostra parte dos silos de grãos do porto de Beirute, que desabou. Os silos danificados tornaram-se uma lembrança sombria da explosão de 4 de agosto de 2020. AFP - JOSEPH EID
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Com o correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh

As autoridades libanesas voltaram atrás, nesta quarta-feira (17) da decisão tomada em abril de 2022 de demolir completamente os silos do porto de Beirute, fortemente danificados durante a explosão, dois anos atrás. Esta medida havia provocado a indignação de parte da opinião pública e das famílias das vítimas do desastre, que deixou 220 mortos e 6.500 feridos.

Um acordo alcançado entre o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e dois deputados próximos às famílias das vítimas indica a demolição da parte norte dos silos, que ameaça desabar devido a um incêndio que começou no início de julho.

A demolição desta parte, cuja inclinação em relação ao resto da estrutura está bem visível, permitirá limpar os escombros e extinguir o fogo que consome centenas de toneladas de cereais podres, devido ao calor e à fermentação.

O fogo enfraqueceu a imponente estrutura de concreto e uma parte dela desabou em 31 de julho. Vários cilindros caíram em 4 de agosto, durante uma marcha para marcar o 2º aniversário da explosão. Nos últimos dias, o fogo voltou a aumentar, reforçando os temores de um terceiro colapso.

Construídos na década de 1960, com capacidade para 120 mil toneladas, os silos de Beirute estão ligados à memória da cidade. A enorme estrutura de concreto conteve, em parte, o impacto da explosão de 2.700 toneladas de nitrato de amônio, poupando a parte oeste da capital da destruição que atingiu os setores orientais.

Dois anos depois, nenhuma condenação

O material explosivo estava armazenado no coração de Beirute desde 2013. Os familiares das vítimas exigem justiça, mas os responsáveis ​​pelo desastre continuam atrapalhando o processo judicial.

A explosão do porto da capital libanesa causou, em poucos segundos, mais danos do que a guerra civil em 15 anos.

Durante os primeiros dias após a explosão, milhares de pessoas se manifestaram exigindo justiça. Pouco depois, os protestos foram se esvaziando. Mergulhados em uma crise econômica, os libaneses se preocupam com o pão de cada dia e foram voltando para as suas casas, ou o que restou delas. Dois anos depois, ninguém foi condenado pela explosão.

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