Governo britânico confirma decreto de extradição de Assange para os EUA
O governo britânico confirmou, nesta sexta-feira (17), que o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, será extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de ter divulgado documentos confidenciais. Foragido há cerca de 12 anos, ele pode pegar até 175 anos de prisão.
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Um porta-voz do ministério do Interior britânico informou que a ministra da pasta, Priti Patel, confirmou que assinará o decreto de extradição de Julian Assange, que terá 15 dias para apelar da decisão. "Em virtude da lei de 2003 sobre a extradição, a ministra assinará uma ordem de extradição, se não houver motivo para proibi-la", disse.
O australiano de 50 anos é procurado pela Justiça americana pelo vazamento, em 2010, de mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e no Afeganistão.
Após um longo processo, a Justiça britânica autorizou, em 20 de abril, que Assange fosse entregue à Justiça americana. O decreto de extradição, entretanto, só foi assinado nesta sexta-feira (17).
"Os tribunais britânicos não concluíram, nesse caso, que seria opressivo, injusto ou abusivo em termos de procedimento extraditar Julian Assange", explicou o porta-voz da ministra do Interior britânica. Ele se referia aos argumentos dos apoiadores do jornalista, que pedem que ele seja colocado em liberdade e denunciam o desrespeito à liberdade de informação.
"Os juízes também não concluíram que a extradição seria incompatível com os direitos humanos, incluindo seu direito a um processo equilibrado e à liberdade de expressão. Durante sua estadia nos Estados Unidos, ele será tratado de maneira apropriada, incluindo os cuidados que envolvem sua saúde", acrescentou.
Dia sombrio para a democracia
O site WikiLeaks denunciou "um dia sombrio para a liberdade de imprensa", em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (17), e anunciou que os advogados de Julian Assange vão entrar com recurso. O ativista está preso há três anos na prisão de alta segurança de Belmarsh, perto de Londres, onde ele se casou, em março, com sua ex-advogada Stella Moris.
Eles têm dois filhos, concebidos na época em que o australiano esteve refugiado na Embaixada do Equador, em Londres. Ele passou sete anos no local, onde ficou até 2012. O ativista temia ser extraditado para os Estados Unidos ou para a Suécia, onde havia sido acusado de estupro, em um processo que foi arquivado mais tarde. Assange foi detido pela polícia britânica em 2019.
Em um comunicado divulgado à imprensa, sua esposa pediu à ministra britânica que impedisse sua extradição. "Qualquer país preocupado com a liberdade de expressão deveria ter vergonha de aprovar a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, o país que organizou seu assassinato", escreveu ."Julian não fez nada de mal, não cometeu nenhum crime. Ele é jornalista e editor, e está sendo punido por ter feito seu trabalho", defendeu. "Este é apenas o início de uma nova batalha jurídica."
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