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Relatório da ONU acusa Israel de ser responsável por "instabilidade" no Oriente Médio

A Comissão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU acusa Tel Aviv de ser, em grande parte, responsável pela instabilidade na região, instaurando o que considerou como uma "ocupação perpétua", dos territórios palestinos. O governo israelense denuncia um relatório "parcial", redigido por um militante anti-Israel.

A Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi  Pillay, criticou Israel em seu relatório
A Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, criticou Israel em seu relatório REUTERS/Denis Balibouse
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Jérémie Lanche,correspondente da RFI em Genebra

"As causas profundas do conflito apontam, em sua imensa maioria, para Israel", diz a presidente da comissão de investigação, Navi Pillay, que cita "a sensação de impunidade" envolvendo as ações do país. Ela acusou Israel de "não ter a intenção de colocar fim à ocupação dos territórios por Israel", como preconizam as resoluções do Conselho de Segurança. "Isso é essencial para colocar um fim à violência na região", diz o relatório. 

Israel, que se recusou a cooperar com a comissão, considerou "que o relatório é parcial e tendencioso, desqualificado por seu ódio ao Estado de Israel e baseado em informações parciais e segmentadas", segundo uma nota de seu Ministério de Relações Exteriores.  

"O que se transformou em uma situação de ocupação permanente foi citada pelas partes interessadas palestinas e israelenses como uma das raízes das tensões recorrentes, da instabilidade e da prorrogação de um conflito tanto nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, como em Israel", continua o texto.

O relatório especifica que o documento foi entregue antes de sua publicação para as autoridades palestinas e israelenses. O texto reforça o que já foi dito no passado, mas demonstra a determinação do Conselho de Direitos Humanos em retomar a discussão sobre o conflito entre Israel e Palestina, que saiu dos holofotes da agenda diplomática nos últimos anos.

Mísseis israelenses interceptam tiros da Faixa de Gaza, em abril.
Mísseis israelenses interceptam tiros da Faixa de Gaza, em abril. AFP - SAID KHATIB

Recomendações foram ignoradas, diz ONU

Depois de anos de indiferença, Israel, que não respondeu às perguntas da comissão, acusa o órgão da ONU de "implicância." O país é o único que integra sistematicamente a pauta em todas as sessões do Conselho, alega.

A investigação, diz o governo israelense, "ignora as verdadeiras razões que levaram Israel a defender os cidadãos contra as organizações terroristas que cometem um duplo crime de guerra: atirar em civis israelenses a partir de áreas civis em Gaza."

A comissão foi criada após a guerra de onze dias entre Israel e Hamas, em maio de 2021, quando 260 palestinos foram mortos por ataques israelenses em Gaza, segundo as autoridades locais. Em Israel,  os tiros de foguete de Gaza deixaram 13 mortos. A comissão revisou as recomendações e resoluções existentes, mais frisou que faria sua própria investigação.

A representante do Conselho estima que as recomendações, no passado, "foram ignoradas, incluindo aquelas que pedem que Israel preste contas pela violação do direito humanitário e humanos, assim como os tiros de foguete contra grupos armados palestinos", declarou.

Vista da área rural de Masafer Yatta, onde devem ser construídas novos assentamentos
Vista da área rural de Masafer Yatta, onde devem ser construídas novos assentamentos © MUSSA ISSA QAWASMA/REUTERS

Manifestação

Para denunciar a publicação, cerca de vinte estudantes e reservistas do exército israelense se manifestaram nesta terça-feira em frente à sede das Nações Unidas em Genebra. Alguns se disfarçaram de membros do movimento armado palestino Hamas, com o rosto coberto por capuzes pretos e uniformes militares. "Nós matamos civis e a ONU nos protege", gritavam, enquanto outros usavam máscaras com o rosto do líder do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar.

(Com informações da AFP)

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