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Boris Johnson deve receber voto de confiança do Parlamento por falta de substitutos, diz analista francesa

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que teve a credibilidade abalada pelo escândalo das festas na sede do governo durante o lockdown contra a pandemia de Covid-19, será submetido a um voto de confiança no Parlamento, nesta segunda-feira (6). A proposta foi apresentada pelo Partido Conservador do premiê. Para permanecer no cargo, ele precisa receber o apoio de mais de 50% dos deputados de seu partido.

Boris Johnson durante a missa em homenagem ao Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II, na última sexta-feira, na catedral de Saint Paul, em Londres. 3 de junho de 2022
Boris Johnson durante a missa em homenagem ao Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II, na última sexta-feira, na catedral de Saint Paul, em Londres. 3 de junho de 2022 AP - Aaron Chown
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A atmosfera de festa no Reino Unido, após quatro dias de comemorações do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II, terminou rápido. Ao contrário da monarca de 96 anos, adorada pela maioria dos britânicos, Boris Johnson continua bastante criticado no país, apesar de ter pedido desculpas pelas festas regadas a bebidas alcoólicas em Downing Street. Deputados conservadores decidiram, então, encerrar a polêmica com essa votação. 

A professora de ciências políticas Florence Faucher, do Centro de Estudos Europeus da Universidade Sciences Po, em Paris, acredita que o premiê britânico tem boas chances de permanecer no cargo. "Muitos conservadores terão receio da concorrência para encontrar um substituto, e temem se ver diante de um candidato que será, talvez, menos competitivo eleitoralmente do que Boris Johnson", disse a analista à RFI

A especialista francesa afirma que nenhuma liderança se impõe atualmente entre os conservadores para ocupar o cargo de chefe de governo. Ela cita dois políticos que foram cogitados para suceder Johnson – o ministro das Finanças, Rishi Sunak, e a chefe da diplomacia, Elizabeth Truss. Porém, "Rishi Sunak foi alvo de críticas por decisões sobre o orçamento, e a mulher dele ainda se viu envolvida em um escândalo que mostrou que ela se beneficiou da pandemia de Covid-19", explica Faucher. "Liz Truss também enfrenta escândalos", relata Faucher.

Segundo uma pesquisa Opinium publicada nesta segunda-feira, 59% dos britânicos querem que o Partido Conservador afaste o líder.

Maioria absoluta

Para concretizar a votação eram necessários pedidos por carta de pelo menos 15% dos 359 deputados da maioria conservadora, ou seja 54. A meta foi alcançada no domingo (5), anunciou nesta segunda-feira Graham Brady, presidente do comitê que administra a bancada parlamentar conservadora. Alguns parlamentares, explicou Brady, decidiram adiar o envio de seus pedidos até a conclusão do Jubileu de Platina.

Johnson foi informado na noite de domingo. Ele e Graham concordaram que "seguindo as regras estabelecidas, a votação deve acontecer o mais rápido possível". O procedimento acontecerá entre 18h e 20h locais (14h e 16h de Brasília), com a apuração dos votos imediatamente em seguida.

Para ficar no cargo, Johnson deve receber o apoio da maioria absoluta do Parlamento, ou seja, obter a aprovação de 180 deputados ou mais.

Um porta-voz do primeiro-ministro afirmou que a votação é uma oportunidade de "colocar um ponto final e seguir adiante". Ele "agradece a oportunidade de expor seu caso aos parlamentares e vai recordá-los que, quando estamos unidos e concentrados nas causas que importam aos nossos eleitores, não há uma força política mais formidável" que o Partido Conservador.

E como exemplo do relevante trabalho do primeiro-ministro, sua assessoria de imprensa divulgou um longo comunicado sobre uma conversa telefônica nesta segunda-feira (6) com o presidente ucraniano, Volodymr Zelensky, sobre a guerra com a Rússia.

Em caso de derrota do primeiro-ministro, o partido terá que organizar nas próximas semanas uma eleição interna para designar um novo líder, que será automaticamente o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Se Johnson vencer, ele não poderá ser objeto de outra votação de confiança durante um ano.

Com informações da AFP

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