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Líbano: Hezbollah perde maioria no Parlamento e Forças Libanesas convidam independentes a se unir

A maior coligação política parlamentar do Líbano, liderada pelo Hezbollah, perdeu sua maioria no Parlamento libanês. O movimento xiita pró-Irã e seus aliados políticos do Amal, que detinham o apoio de cerca de 70 dos 128 membros dos deputados eleitos em 2018, não conseguiram conquistar os 65 assentos necessários para manter a maioria após as eleições parlamentares do domingo (15).

Os apoiadores do Hezbollah acenam com retratos do líder Sayyed Hassan Nasrallah e suas bandeiras, durante campanha eleitoral, no subúrbio do sul de Beirute, Líbano, terça-feira, 10 de maio de 2022. A questão polêmica das armas do Hezbollah esteve no centro da votação de domingo para este novo parlamento libanêes de 128 membros.
Os apoiadores do Hezbollah acenam com retratos do líder Sayyed Hassan Nasrallah e suas bandeiras, durante campanha eleitoral, no subúrbio do sul de Beirute, Líbano, terça-feira, 10 de maio de 2022. A questão polêmica das armas do Hezbollah esteve no centro da votação de domingo para este novo parlamento libanêes de 128 membros. AP - Hussein Malla
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Márcia Bechara, enviada especial da RFI ao Líbano

A tão desejada mudança parece enfim dar o ar da graça no Líbano, depois das eleições legislativas deste domingo (15), com um dólar que bateu hoje a incrível marca de 30.000 libras libanesas no país. Começam a sair nesta terça-feira (17) os primeiros resultados oficiais divulgados pelo ministério libanês do Interior e pelas autoridades eleitorais do país. E as novidades são boas para quem queria a esperada "mudança", a palavra de ordem dos libaneses para este pleito de 2022.

Além do impacto causado pela perda da maioria parlamentar da polêmica milícia armada do Hezbollah, o novo Parlamento libanês terá agora um novo partido cristão dominante — as Forças Libanesas (FL), tradicional formação que data da guerra civil e que se tornou uma espécie de porta-bandeira anti-Hezbollah nestas eleições legislativas. A aposta deu certo, e as FL levaram o maior número de assentos nesta eleição, com 19 deputados.

O Movimento Patriótico Livre, do criticado presidente católico maronita Michel Aoun, chegou em segundo lugar, com 17 deputados, dado que fragiliza o partido, uma vez que é criticado praticamente por todos os outros e dificilmente conseguirá articular alianças em seu próprio campo. Os candidatos independentes (sem legenda) pontuaram bem, conquistando 16 cadeiras, mas sem muita unidade, com bandeiras que vão da ecologia ao fim do sistema confessional libanês.

O movimento de contestação saído das ruas conseguiu eleger 13 deputados, um bom contingente, geralmente formado por candidatos jovens e que devem se aliar contra o partido de Michel Aoun. O Hezbollah conseguiu 13 cadeiras, seu aliado Amal 15, afiliados ao Movimento do Futuro do sunita Saad Hariri elegeu 8 deputados, o Partido Socialista Progressista (PSP) do líder da comunidade drusa, Walid Joumblatt, elegeu 8 parlamentares, a Aliança do 8 de março, formada por aliados do atual premiê Najib Mikati, conquistou 8 vagas, o tradicional partido cristão Kataëb conseguiu 4, e legendas menores se dividiram o resto das sete cadeiras restantes. Uma verdadeira colcha de retalhos que será certamente polarizada entre Forças Libanesas e Hezbollah.

Consciente do que está em jogo a partir de agora no tabuleiro político do Líbano, Samir Geagea, chefe das Forças Libanesas desde 1983, liderança muito respeitada no país desde a guerra nas montanhas contra os sírios, não se cansa de convocar em todas as mídias os candidatos independentes e vindos das ruas para se unirem aos cristãos “contra o Hezbollah”.

Ouro resultado emblemático, o líder do Partido Democrático Libanês (LDP), próximo a Damasco e Teerã, o chefe druso Talal Arslane, herdeiro de uma das mais antigas dinastias políticas libanesas, perdeu sua cadeira no Parlamento libanês para um candidato sem ligação com movimentos políticos e sem experiência.

Participação feminina bate recorde, embora pequena

Oito mulheres, incluindo quatro que saíram direto das ruas durante a Thaoura (Revolução) —  como é conhecido o movimento que parou o país em 2019 —, conseguiram ganhar uma cadeira no novo Parlamento, que compreende um total de 128 deputados. A participação feminina agora é de 6,25% no novo Parlamento libanês.

Duas mulheres eleitas representam as Forças Libanesas de Samir Geagea, enquanto o Movimento Patriótico Livre [ligado a Aoun] e o movimento Amal xiita também serão representados por uma mulher.

Seis mulheres haviam entrado no Parlamento libanês após as eleições legislativas de 2018: Dima Jamali, Roula Tabch, Bahia Hariri, Paula Yaacoubian, Sethrida Geagea e Inaya Ezzeddine. As três últimas foram reeleitas em 2022.

Embora as eleições parlamentares de 2018 tenham colocado o Líbano novamente em uma órbita mais próxima com o Irã xiita, os resultados desta nova eleição poderiam permitir que seu rival regional, os sunitas da Arábia Saudita, possam recuperar a influência em um país que há muito tempo tem sido palco de rivalidade entre Riad e Teerã.

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