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Rússia bate recorde e prende pelo menos 5 mil manifestantes em um dia

Pelo menos 5 mil pessoas que manifestavam sem autorização contra a invasão à Ucrânia foram presas neste domingo (6) em 69 cidades da Rússia. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (7) pela ONG OVD-Info, especializada no monitoramento de manifestações. O número ultrapassa as detenções ocorridas durante a onda de protestos no início de 2021, contra a prisão do oponente Alexei Navalny.

A polícia russa detém manifestantes durante uma manifestação contra a invasão da Ucrânia em 2 de março de 2022 em Moscou.
A polícia russa detém manifestantes durante uma manifestação contra a invasão da Ucrânia em 2 de março de 2022 em Moscou. AFP - NATALIA KOLESNIKOVA
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Em uma mensagem no Twitter, Navalny convocou os russos a se reunirem todos os dias na praça principal de sua cidade para exigir a paz na Ucrânia. Cerca de 2.300 pessoas foram presas em Moscou no domingo (6) e 1.253 em São Petersburgo, segundo a OVD-Info. Pelo menos 320 delas teriam passado a noite na delegacia. As ações também aconteceram em dezenas de cidades de médio porte em todo o país, onde vários ativistas postaram vídeos mostrando prisões brutais, com policiais dando chutes e usando cassetetes.

As mídias independentes, como o site Meduza, postaram diversas fotos dos protestos e das prisões em seu canal no Telegram, utilizado desde o início do conflito na Ucrânia. No total, 13 mil pessoas foram detidas na Rússia desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro.

A RFI conversou com um professor russo, que preferiu não se identificar por questões de segurança. Segundo ele, o clima é de insegurança para quem tem a ousadia de se posicionar contra a invasão russa. "Nem todos aqueles que protestam são presos. Muitos são levados à delegacia, fichados e depois liberados, após pagarem uma multa. Mas, se já estão fichados e forem pegos outra vez, a multa pode aumentar ou eles podem ser presos", conta.

De acordo com o professor, pessoas também podem ser multadas por convocar protestos nas redes sociais contra a guerra na Ucrânia. Há também o receio de que toda a internet seja desligada na Rússia, algo que ele, pessoalmente, não acredita que vá acontecer. 

Lei de "informações falsas"

Para impedir qualquer crítica contra o governo, as autoridades russas aprovaram uma lei na sexta-feira (4) reprimindo "informações falsas" sobre atividades militares russas na Ucrânia. De acordo com o texto, as penas podem ir de uma multa a 15 anos de prisão.

Aqueles que manifestam ou convocam protestos contra a presença militar russa na Ucrânia também são multados, de acordo com um novo artigo do Código Administrativo que proíbe ações públicas “desacreditando as forças armadas”. Em caso de reincidência, os crimes podem ser punidos com até três anos de detenção.

Nos últimos anos, dezenas de manifestantes também foram condenados a duras penas de prisão por “violência contra a polícia”, motivo que muitas ONGs classificam de "inventado ou muito exagerado".

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