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Ucranianos tentam convencer parentes e amigos na Rússia e em Belarus a se mobilizar contra a guerra

A sociedade civil ucraniana se esforça para tentar colocar um fim à guerra. Cidadãos, além da classe artística e personalidades midiáticas da Ucrânia, estão apelando para a ajuda e a mobilização de amigos e familiares do outro lado das fronteiras com Belarus e Rússia. A RFI conversou com algumas pessoas que recorrem a essa iniciativa, no desespero de conseguir pressionar os governos de Minsk e Moscou.

Passageiro em um trem em direção a Dnipro, na estação de Lviv, em 27 de fevereiro de 2022.
Passageiro em um trem em direção a Dnipro, na estação de Lviv, em 27 de fevereiro de 2022. AP - Bernat Armangue
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Anastasia Becchio e Boris Vichith, enviados especiais da RFI a Dnipro, na Ucrânia

Dnipro é uma grande cidade industrial, no leste da Ucrânia, povoada por habitantes de origem russa. Isso não impede que muitos deles tentem convencer o outro lado a se engajar contra a guerra.

No Telegram, um casal de Dnipro que prefere não se identificar, envia uma mensagem de voz para um primo que é militar de alta patente em Belarus. "Sua mãe vive aqui na Ucrânia. Como você vai conseguir olhá-la nos olhos depois disso?", dizem.

Em um tom emocionado, ambos fazem um apelo para que o primo contribua para não permitir "um banho de sangue" na Ucrânia. "Você tem influência, pode agir. Talvez não digam isso para você ou você faz de conta que não sabe o que está acontecendo, mas é aterrorizante o que acontece aqui. Estamos no inferno", afirma o casal. 

Para a ucraniana Marina, que tem uma irmã que vive na Rússia, é importante conversar com quem está do outro lado da fronteira. "Eles estão impassíveis diante do que está acontecendo. As mídias russas dizem coisas horríveis, que os ucranianos é que são os agressores, que a Ucrânia é quem ataca a Rússia", conta.

Marina, no entanto, já conseguiu convencer a irmã. "Ela me disse que, depois de conversarmos, ela mudou de opinião. Agora ela entende que é a Rússia que faz uma guerra contra a Ucrânia", afirma. 

Mas nem todos parecem estar dispostos a acolher este tipo de iniciativa. Para Oleg, conversar com sua família na Rússia é perda de tempo. "Minha esposa telefonou para amigos e parentes na Rússia, mas tem uma lavagem cerebral tão grande, que o melhor é colocar nossas relações em pausa. Para eles, a Rússia está protegendo a Ucrânia dos Estados Unidos."

As autoridades ucranianas também incentivam as tentativas de dissuasão por parte de civis. Kiev criou um site especial na internet e uma linha telefônica de emergência para que mães e parentes de soldados russos possam convencê-los a desistir de participar dos ataques. 

Dia de intensos ataques

Apesar de todos os esforços civis e diplomáticos, a Rússia intensificou os ataques contra a Ucrânia nesta terça-feira, sexto dia da ofensiva. Em Kharkiv, cidade com 1,4 milhão de moradores no nordeste do país, ao menos 18 pessoas morreram em violentos bombardeios. As forças russas também destruíram a torre de televisão de Kiev, deixando ao menos cinco mortos e provocando a interrupção da transmissão de canais de TV. 

Segundo o ministério do Interior ucraniano, o ataque atingiu os equipamentos da torre. "Os canais não vão funcionar durante um certo tempo", diz um comunicado. Mas o governo afirma que os sistemas de emergência farão o possível para que algumas emissoras ucranianas restabeleçam sua transmissão em breve.

A censura às mídias também ocorre do lado russo. Moscou bloqueou, nesta terça-feira, o sinal do canal de TV Dojd e da rádio independente Echo, dois dos raros veículos que divulgavam informações confiáveis sobre a guerra na Ucrânia. Em nota, as autoridades russas indicam que ambos faziam "apelos para que a população cometa atos extremistas e violentos" e publicavam informações "conscientemente incorretas sobre as atividades militares russas". 

As mídias da Rússia também estão proibidas de veicular notícias que não sejam divulgadas pelo Kremlin. As palavras "invasão" e "guerra" estão proibidas de serem utilizadas pelos jornalistas, que são obrigados a tratar dos ataques como uma "operação especial" concentrada apenas no leste da Ucrânia. 

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