Emmanuel Macron agradece ajuda do Catar na retirada de 300 pessoas do Afeganistão
O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou neste sábado (4) a ajuda do Catar na organização da retirada de 258 afegãos, principalmente jornalistas, ameaçados "pelo seu engajamento" ou "por suas ligações com a França". Eles serão repatriados para o território francês depois de uma escala em Doha.
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"Agradeço ao Catar pelo papel desempenhado desde o início da crise, que permitiu organizar diversos resgates", declarou Macron, que se encontrou com o emir xeique Tamim ben Hamad Al-Thani na noite desta sexta-feira (3), durante sua viagem pelos países do Golfo.
Uma aeronave fretada por Paris resgatou os 258 afegãos, “incluindo ex-funcionários civis de recrutamento local de nossos exércitos", anunciou sexta-feira o Ministério das Relações Exteriores da França. Onze franceses e cerca de 60 holandeses e seus familiares também foram retirados no mesmo voo.
De acordo com Paris, "desde 10 de setembro, 110 franceses e seus familiares, assim como 396 afegãos que deveriam ser colocados sob proteção, foram retirados em dez voos organizados pelo Catar". "Vamos continuar", disse Emmanuel Macron.
O presidente francês ainda afirmou que diversos países europeus discutem a criação conjunta de um espaço de representação em Cabul, em função da saída dos embaixadores, desde a tomada da capital em agosto pelas mãos do Talibã.
Luta contra o terrorismo
Macron também discutiu com o emir Al-Thani questões sobre luta contra o terrorismo e o financiamento do culto muçulmano na França, insistindo na "necessidade de proteger a prática religiosa de qualquer forma de instrumentalização", de acordo com uma nota publicada pelo palácio do Eliseu. “A cooperação bilateral melhorou muito”, acrescentou o chefe de Estado francês.
Ele também discutiu sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2022 no Catar e a questão da legislação trabalhista no país, pedindo "a continuidade do diálogo sobre esse assunto, que já permitiu reformas importantes", de acordo com o texto do comunicado.
Relatórios de ONGs acusam o Catar de explorar trabalhadores estrangeiros, especialmente na construção de estádios. O país rejeita as críticas e destaca que reformou sua legislação trabalhista e introduziu um salário mínimo.
O presidente francês é esperado neste sábado em Jeddah, grande cidade portuária da Arábia Saudita, para um delicado encontro com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que teve sua imagem internacional prejudicada após ser acusado pelo assassinato, em 2018, do jornalista turco Jamal Khashoggi.
Operação humanitária
Desde a queda de Cabul para o Talibã e a saída dos americanos em agosto, muitos países retiraram seus cidadãos do Afeganistão, assim como afegãos ameaçados por terem colaborado com estrangeiros nos últimos anos.
De 2001 a 2014, 770 funcionários civis recrutados localmente trabalharam com o exército francês como intérpretes, motoristas ou empregadas domésticas no Afeganistão. Posteriormente, a França foi acusada de não protegê-los ao se recusar a recebê-los imediatamente em seu território.
Em contrapartida, a França anunciou que enviou ao Afeganistão, em colaboração com a Força Aérea do Catar, cerca de 40 toneladas de equipamentos médicos, alimentos e outros produtos destinados a organizações internacionais presentes no país queserão entregues principalmente ao Instituto Médico para a Mãe e a Criança, em Cabul.
(Com informações da AFP)
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