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Afeganistão: países ocidentais alertam para ameaça terrorista no aeroporto de Cabul

Estados Unidos, Reino Unido e Austrália aconselharam seus cidadãos a deixarem urgentemente a região do aeroporto de Cabul, devido a um forte risco de um ataque terrorista. Milhares de pessoas ainda se aglomeram na região na expectativa de deixar o Afeganistão até 31 de agosto, prazo final para sair do país.

Uma multidão permanece aglomerada nos arredores do aeroporto de Cabul. 25/08/2021.
Uma multidão permanece aglomerada nos arredores do aeroporto de Cabul. 25/08/2021. © Reuters
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Com informações do enviado especial da RFI a Cabul, Vincent Souriau, e agências

Os talibãs prometeram, na manhã desta quinta-feira (26) garantir a segurança nas redondezas do aeroporto de Cabul. No entanto, relatórios dos serviços internacionais de inteligência apontam para uma ameaça terrorista iminente no local. Segundo um diplomata de um país membro da Otan na capital afegã, a principal preocupação é com um possível atentado do grupo Estado Islâmico, rival histórico do Talibã.

O secretário britânico encarregado das Forças Armadas, James Heappey, indicou nesta quinta-feira que a ameaça terrorista, que levou Londres a desaconselhar os cidadãos do Reino Unido que permaneçam na zona do aeroporto de Cabul, é "séria e iminente". "Há uma forte ameaça neste local. Abrigue-se em um lugar seguro e espere mais instruções", afirma o governo britânico. "Se você tem outros meios de sair do Afeganistão com segurança, faça-o imediatamente", reiterou. 

Mais cedo, os Estados Unidos também pediram que os americanos que conseguiram chegar ao local para que deixem "imediatamente" esta área. No alerta, Washington, pede que as pessoas fiquem atentas à movimentação na multidão. O governo americano foi preciso sobre onde o risco terrorista é alto: as entradas Abbey, Leste e Norte do aeroporto de Cabul. 

Mesmo tom do lado da Austrália, de onde a ministra das Relações Exteriores, Marise Payne, fez um apelo a todos os que tiverem um visto para viajar ao país. "Não vá ao aeroporto internacional Hamid Karzai de Cabul", frisou Canberra.

Possível ataque do grupo Estado Islâmico

A possibilidade de um atentado começou a ser evocada há dois dias pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. "A cada dia, as operações suscitam um risco suplementar para nossas tropas", disse o democrata evocando a probabilidade de um ataque por parte do grupo Estado Islâmico em Cabul. "O inimigo número 1 dos talibãs visa o aeroporto para atacar as forças americanas e aliadas, bem como civis inocentes", reiterou. 

O correspondente da RFI em Cabul, Vincent Souriau, afirma que, de fato, a região do aeroporto não é segura, que descreve como "um espaço cercado e desordenado". Segundo ele, pessoas armadas circulam pelo local, civis e veículos entram e saem a todo o momento. Na expectativa de deixar o país, muita gente permanece aglomerada e passa a noite na região, "ideal para um kamikaze". 

O principal interesse seria atacar estrangeiros, diz Souriau. "Ficamos sabendo que o hotel onde nós, jornalistas estrangeiros, estamos alojados, também seria um alvo interessante para eles", afirma. 

Operações francesas serão finalizadas amanhã

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, declarou nesta quinta-feira que as operações realizadas pelo país serão encerradas na noite de sexta-feira (27). "Não podemos continuar realizando as evacuações a partir do aeroporto de Cabul", anunciou.

Em entrevista à rádio RTL nesta manhã, o premiê francês indicou que 2.500 pessoas foram retiradas pelas tropas da França desde que os talibãs tomaram a capital, em 15 de agosto. 

Nas últimas horas, outros países vêm anunciando o fim dos trabalhos na capital, antes mesmo do prazo final de 31 de agosto determinado pelos Estados Unidos. É o caso do Reino Unido, da Holanda e da Bélgica. 

A Turquia também indicou na quarta-feira (25) que começou a retirar seus mais de 500 soldados do Afeganistão. A decisão deixa a entender que Ancara não ajudará na segurança do aeroporto de Cabul, conforme havia sido solicitado pelos talibãs, para depois que as tropas dos Estados Unidos saírem do país.

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