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Neonazista que matou político pró-imigração é condenado à prisão perpétua na Alemanha

O neonazista alemão Stephan Ernst, 47 anos, foi condenado à prisão perpétua por um tribunal de Frankfurt, nesta quinta-feira (28), pelo assassinato de um político do partido da chanceler Angela Merkel que era favorável ao acolhimento de refugiados. O crime aconteceu em junho de 2019. 

Stephan Ernst aguarda o veredicto sobre o assassinato de Walter Lübcke.
Stephan Ernst aguarda o veredicto sobre o assassinato de Walter Lübcke. Kai Pfaffenbach Pool/AFP
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O julgamento de Ernst é considerado histórico na Alemanha, já que Walter Lübcke foi o primeiro político assassinado por um simpatizante da extrema direita desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em 2 de junho de 2019, Lübcke, então com 65 anos, estava fumando um cigarro na varanda de casa, em Kassel (centro), quando Ernst lhe deu um tiro na cabeça, quase à queima roupa.

"Não há nenhuma dúvida da culpabilidade" de Ernst, disse o presidente do tribunal, Thomas Sagebiel, ao ler o veredicto. Em seguida, o juiz se dirigiu a familiares da vítima. "Sabemos que dificilmente poderemos mensurar a dor dessa perda e que o julgamento foi muito doloroso para vocês. Nossa tarefa era conduzir um processo justo e julgar sem levar em conta os interesses pessoais”, afirmou o magistrado.

Um segundo homem, julgado por cumplicidade por ter ensinado o neonazista a atirar, aparentemente sem ter conhecimento de que ele planejava assassinar Lübcke, foi condenado a um ano e seis meses de prisão.

Durante o julgamento, Ernst pediu perdão à família da vítima por seu crime "cruel e covarde".

Lübcke era da CDU, partido de Merkel. O político fazia parte da administração regional e tinha manifestado seu claro apoio ao acolhimento de imigrantes decidido pela chanceler alemã, no auge do êxodo provocado pelos conflitos na Síria e no Iraque. Entre 2015 e 2016, mais de um milhão de refugiados foram recebidos na Alemanha.

Um ano depois, nas eleições legislativas, a sigla de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conseguiu entrar no Parlamento.

Erros policiais

Stephan Ernst já havia sido fichado pelas autoridades, que sabiam que ele era um simpatizante da ideologia neonazista e poderia ser potencialmente violento.

Em 1993, foi suspeito de ter planejado um ataque a bomba contra um abrigo para solicitantes de asilo. Em 2009, participou de distúrbios com clara motivação racial em Dortmund. Apesar desse passado sombrio, os serviços de Inteligência pararam de monitorá-lo nos anos anteriores à morte de Lübcke.

A investigação revelou outro erro da polícia, já acusada no passado de tolerar alguns excessos dos neonazistas. Não foi informado ao órgão que expede as autorizações de porte de armas que o suposto cúmplice também era um membro ativo da extrema direita, o que lhe permitiu se equipar com pistolas e rifles.

O assassinato de Lübcke despertou o fantasma do terrorismo de extrema direita na Alemanha, claramente subestimado nas últimas décadas, apesar de, em torno de 2000, oito migrantes turcos, um grego e uma policial alemã terem sido mortos pelo grupo neonazista NSU. Hoje, a ameaça é real e é uma das prioridades dos serviços de Inteligência alemães.

Em dezembro, um apoiador da extrema direita foi condenado à prisão perpétua por tentativa de atentado e por quase cometer um massacre no feriado judaico de Yom Kippur, em uma sinagoga na cidade de Halle. Ao não conseguir entrar no local sagrado, matou uma mulher que andava na rua, assim como um homem em um restaurante frequentado por migrantes.

Em fevereiro de 2020, outro homem matou nove pessoas de origem estrangeira em dois bares de Hanau, perto de Frankfurt. Depois, cometeu suicídio.

Na quarta-feira (27), os tribunais alemães também abriram caminho para julgar uma simpatizante da extrema direita, suspeita de querer atacar autoridades e muçulmanos.

Com informações da AFP

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