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Boko Haram reacende traumatismo na Nigéria após novo sequestro de mais de 300 estudantes

O grupo jihadista Boko Haram reivindicou nesta terça-feira (15) o sequestro de centenas de estudantes de uma escola rural de Kankara, povoado do estado de Katsina, no noroeste da Nigéria. Ao menos 333 adolescentes permanecem desaparecidos desde o ataque ocorrido na sexta-feira (11) passada.

O líder histórico do grupo jihadista Boko Haram, Abubakar Shekau (centro), em imagem de arquivo de 15 de janeiro de 2018.
O líder histórico do grupo jihadista Boko Haram, Abubakar Shekau (centro), em imagem de arquivo de 15 de janeiro de 2018. REUTERS - HANDOUT
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Em uma mensagem de voz, um homem que afirma ser Abubakar Shekau, líder histórico do Boko Haram, diz: "Nossos irmãos estão por trás do sequestro em Katsina". Esta nova ação da organização extremista em uma localidade distante de sua área de atuação tradicional demonstra o aumento da influência do grupo ultrarradical islâmico.

Na madrugada de sexta-feira para sábado, mais de 100 homens armados, em motos, atacaram o internato rural de Kankara, levando como reféns centenas de adolescentes do ensino médio. A ação ousada e massiva se assemelha ao sequestro reivindicado pelo grupo em 2014, quando o Boko Haram raptou 276 meninas de um internato em Chibok, caso que provocou uma onda de indignação mundial.

O ataque à escola de Kankara ocorreu, no entanto, a mais de 100 quilômetros do território do Boko Haram, que atua habitualmente nas proximidades do lago Chade. Ainda não está claro quantos alunos estão atualmente nas mãos dos sequestradores, porque alguns deles conseguiram escapar e podem ter se perdido em uma área de floresta próxima do internato. No Twitter, o governador do Estado de Katsina, Aminu Bello Masari, garantiu que "discussões" estavam em andamento com os sequestradores "para garantir a segurança [dos estudantes] e seu retorno às famílias".

Em um primeiro momento, o sequestro de Kankara foi atribuído a grupos armados, chamados de "criminosos", que aterrorizam a população nesta região instável da Nigéria, onde os raptos para pedidos de resgate são frequentes. O presidente Muhammadu Buhari condenou o ataque e ordenou o reforço das medidas de segurança em todas as escolas.

Na segunda-feira (14), o Exército nigeriano anunciou ter localizado o "refúgio dos bandidos" e que uma operação operação militar estava em curso.

Duas facções jihadistas

A segurança é frágil no norte da Nigéria desde a eleição do presidente Buhari em 2015, apesar de sua declaração de que a luta contra o Boko Haram seria a prioridade de seu mandato presidencial. O grupo jihadista, criado em 2009, estabeleceu bases em algumas das várias pequenas ilhas do lago Chade, uma vasta área pantanosa na fronteira entre Nigéria, Chade, Níger e Camarões.

Desde 2016, o grupo se dividiu em duas facções: a de Abubakar Shekau, o líder histórico do Boko Haram, e o Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap), presente com força ao redor do lago Chade. O Boko Haram é acusado pela morte de 36.000 pessoas em 11 anos de atividade extremista.

Este novo ataque reabre a ferida causada pelo sequestro das adolescentes de Chibok, na noite de 14 de abril de 2014. Alunas de 12 a 17 anos foram forçadas a embarcar em caminhões e foram levadas para esconderijos na floresta. Imediatamente após o sequestro, 57 meninas conseguiram escapar, enquanto 219 permaneceram nas mãos de seus raptores. Os pais das sequestradas denunciaram a falta de ação das autoridades. Em 5 de maio do mesmo ano, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, assumiu a responsabilidade pelo sequestro em um vídeo, alegando que meninas seriam tratadas como "escravas", "vendidas" e "casadas" à força.

Mais de cem meninas de Chibok continuam no cativeiro

Em maio de 2016, mais de dois anos após o sequestro, uma estudante do ensino médio foi encontrada pela primeira vez sã e salva pela polícia, com seu bebê de 4 meses. Em outubro seguinte, ocorreu a primeira libertação de 21 meninas, com a mediação da Suíça e da Cruz Vermelha. Outras 82 meninas foram liberadas em maio de 2017, após mais de três anos de cativeiro. Em três outras ocasiões, o Exército localizou vítimas da ação de Chibok. No total, desde 2014, 107 das 219 meninas sequestradas foram resgatadas ou libertadas após negociações. Mas 112 ainda estão em cativeiro.

Com informações da AFP

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