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Premiê libanês e três ex-ministros são indiciados por negligência em explosão do porto de Beirute

Estes são os primeiros indiciamentos quatro meses após o drama que deixou mais de 200 mortos e milhares de feridos. O juiz libanês, encarregado da investigação sobre a devastadora explosão no porto de Beirute em agosto, indiciou nesta quinta-feira (10) o primeiro-ministro, Hassan Diab, e três ex-ministros por negligência.

Premiê Hassan Diab renunciou dias após a tragédia, mas continua no cargo enquanto um novo governo do Líbano não é formado
Premiê Hassan Diab renunciou dias após a tragédia, mas continua no cargo enquanto um novo governo do Líbano não é formado AP - Bilal Hussein
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O premiê Hassan Diab renunciou alguns dias após a explosão, pressionado por manifestações populares, mas continua comandando provisoriamente o país até que um novo governo seja formado. Além de Diab, os ex-ministro Ali Hassan Khalil (Finanças), Ghazi Zaayter (Obras Públicas e Transportes) e Youssef Fenianos (Transportes) foram indiciados por "negligência e por terem provocado mortes", informou uma fonte da justiça libanesa que pediu à AFP para não ser identificada.

Esta é a primeira vez na história do Líbano que um primeiro-ministro em exercício é indiciado. O juíz Fadi Sawan começará a interrogar os envolvidos na próxima segunda-feira (14).

A explosão de 4 de agosto no porto de Beirute foi provocada por um incêndio em um depósito que armazenava toneladas de nitrato de amônio. O produto estava estocado no local há anos sem medidas de precaução, segundo reconheceram as próprias autoridades. A deflagração destruiu o porto da capital libanesa e vários bairros da região. Mais de 200 pessoas morreram e 6.500 ficaram feridas.

Premiê foi informado dos riscos

Poucas horas depois do drama, o próprio primeiro-ministro denunciou as condições de armazenamento do produto perigoso. “É inadmissível que uma carga de nitrato de amônio estivesse estocada em um depósito, sem nenhum cuidado”, disse na época Diab.

Uma investigação aberta pelo juiz Fadi Sawan confirmou que os quatro responsáveis políticos libaneses receberam vários relatórios “alertando para a demora em se livrar do estoque de nitrato de amônio”.

“Eles não tomaram as medidas necessárias para evitar a explosão devastadora e os enormes estragos” e por isso são responsáveis, completou a fonte judicial.  

Logo após a explosão, 25 pessoas, a maioria funcionários do porto e dos serviços alfandegários, foram detidas na investigação, mas até agora nenhuma conclusão sobre os responsáveis pela tragédia havia sido publicada.

Crise agravada

Grande parte da opinião pública libanesa acusa a incompetência e a corrupção dos dirigentes e da classe política pela explosão. Há anos, o país é comandado pelos mesmos políticos. O Hezbollah, poderoso movimento armado xiita que tem grande influência na política libanesa, anunciou no dia 4 de dezembro que entraria na justiça contra um ex-deputado e um partido que o acusaram de ser responsável pelo drama.

A tragédia agravou a crise política, econômica e social que atravessa o Líbano há mais de um ano. Além de uma desvalorização histórica da moeda nacional e de uma hiperinflação, o país é incapaz de formar uma nova coalizão e está sem governo desde agosto.

(Com informações da AFP)

 

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