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Após reaparição de Kim Jong-un, Coreias do Norte e do Sul trocam tiros na fronteira

A Coreia Sul afirma neste domingo (3) que a vizinha do Norte lançou vários tiros em sua direção, e Seul respondeu com mais disparos. Essa retomada de hostilidades, depois de um longo período de calma, acontece pouco mais de 24 horas após o líder norte-coreano, Kim Jong-un, reaparecer em público, encerrando três semanas de rumores sobre sobre a sua saúde e até morte.

A chamada Zona Desmilitarizada, entre as fronteiras, é um dos locais mais fortificadas do mundo
A chamada Zona Desmilitarizada, entre as fronteiras, é um dos locais mais fortificadas do mundo AFP/File
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Nesta manhã, um posto de segurança sul-coreano na fronteira entre os dois países foi atingido por vários tiros vindos do Norte, informou um comunicado do Estado Maior das Forças Armadas de Seul. “Nossos militares responderam com duas séries de disparos e uma mensagem de advertência, de acordo com o nosso procedimento”, declararam os sul-coreanos. O texto destaca que os tiros do Norte "não foram considerados intencionais”, conforme a agência de imprensa sul-coreana Yonhap. Não houve feridos.

Os dois países ainda estão tecnicamente em guerra desde o armistício que colocou fim à Guerra da Coreia, em 1953. Ao contrário do que indica o nome, a chamada Zona Desmilitarizada, entre as fronteiras, é um dos locais mais fortificadas do mundo, inclusive com campos minados, o que torna a sua travessia extremamente perigosa.

Trump “contente" pela reaparição de Kim

Neste sábado (2), pelo Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse estar "contente" pela reaparição de Kim Jong-un e pelo fato do líder da Coreia do Norte estar aparentemente saudável. A televisão estatal norte-coreana mostrou Kim caminhando, sorrindo e fumando um cigarro durante, segundo informou o canal, a abertura de uma fábrica de fertilizantes na sexta-feira (1°) em Sunchon, norte de Pyongyang.

Os rumores sobre a saúde do líder norte-coreano surgiram depois que ele não apareceu nas comemorações do dia 15 de abril pelo aniversário de seu avô, o fundador da Coreia do Norte, o dia mais importante do calendário político do país. Sua ausência desencadeou rumores e informações não confirmadas sobre sua saúde.

As especulações partiram do "Daily NK", veículo digital dirigido principalmente por desertores norte-coreanos, em 21 de abril. Citando fontes não identificadas no país, o veículo afirmou que Kim, que teria em torno de 35 anos, teve de se submeter a um tratamento urgente, devido ao cigarro, à obesidade e ao cansaço.

Neste domingo, um alto dirigente sul-coreano declarou que "o presidente Kim não teria sido operado". Nas imagens divulgadas há dois dias, Kim aparece ao lado da irmã e conselheira, Kim Yo-jong, e usa seu habitual traje preto. Não é possível autentificar a aparição pública.

Na sexta-feira, segundo a KCNA, "o líder supremo disse com profunda emoção que [seu avô] Kim Il-sung e [seu pai] Kim Jong-il, que trabalharam duro para resolver o problema da alimentação para o povo, estariam extremamente satisfeitos, se soubessem que foi construída a fábrica moderna de fertilizantes de fosfato”.

Impacto de rumores

As preocupações com o "desaparecimento" de Kim Jong-un revelam a falta de preparação da comunidade internacional para a instabilidade na Coreia do Norte, avaliou Leif-Eric Easley, professor de Estudos Internacionais na Universidade Ehwa, de Seul. "Washington, Seul e Tóquio precisam fortalecer sua coordenação sobre planos", antecipando-se a um eventual desaparecimento, declarou. "Se as fotos da reaparição de Kim forem autênticas, a lição que se tem que aprender é que o mundo terá que ouvir mais o governo sul-coreano e menos fontes anônimas e rumores nas redes sociais", acrescentou.

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul lamentou que "escritos sem fundamento" tenham causado "confusão e custos desnecessários em diversos âmbitos, como a economia, a segurança e a sociedade".

A saúde do líder norte-coreano é um segredo de Estado, em um país fechado, onde não há liberdade de imprensa. Outro tema especulado diz respeito à pandemia do novo coronavírus, que atingiu duramente os dois vizinhos da Coreia do Norte, China e Coreia do Sul. Segundo Pyongyang, não foram registrados casos naquele país, que fechou as fronteiras e toma rígidas medidas de precaução contra a doença.

Com informações da AFP

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