Líbano comemora Dia da Independência em plena contestação popular
O Líbano celebra nesta sexta-feira (22) o 76º aniversário da Independência do país e nascimento da República em plena contestação popular contra a classe dominante, iniciada em 17 de outubro. Uma forte mobilização popular marca a data. As autoridades preferiram cancelar o tradicional desfile militar na capital, se limitando a uma cerimônia simbólica em um quartel.
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A celebração deste Dia da Independência ilustra perfeitamente a situação atual no Líbano. De um lado, um poder político forçado a organizar discretamente um modesto desfile militar, dentro de um quartel, na presença do presidente Michel Aoun e do primeiro-ministro Saad Hariri. Do outro, os manifestantes que ocupam as praças públicas.
Os líderes dos protestos pediram aos libaneses para participar em massa do “desfile civil” por "nova independência" para o país. Várias passeatas percorrem as principais avenidas de Beirute em direção à Praça Mártires, local central do movimento de contestação. Manifestações acontecem também em várias cidades do país.
Um dos destaques do dia será a “marcha dos expatriados”. Milhares de libanesas e libaneses radicados no estrangeiro marcaram encontro nesta sexta-feira em Beirute. Em vários ônibus, eles sairão do aeroporto da capital em direção ao centro da cidade, onde se unirão aos outros manifestantes.
Apelo do presidente
Na quinta-feira (21), véspera da celebração, o presidente da república Michel Aoun, voltou a fazer um discurso à nação. Ele prometeu mais uma vez aos libaneses que irá lutar contra a corrupção. Ele pediu aos manifestantes para rejeitar o discurso de ódio e as acusações sem fundamento.
Em 22 de novembro de 1943, o Líbano, sob mandato francês desde 1920, conquistou a independência após manifestações populares que reuniram, em uma primeira onda de unidade, cristãos e muçulmanos. Desde então, o país enfrentou uma guerra civil (1975-1990), duas ocupações estrangeiras - israelense (1978-2000) e síria (1976-2005) -, e permaneceu profundamente dividido, confessionalmente e politicamente.
Mas o atual movimento de contestação, até agora pacífico, conseguiu unir a população. Os protestos já obtiveram a renúncia do governo, em 29 de outubro, e impediram a realização de sessões parlamentares sobre uma controversa lei de anistia geral.
(Matéria original publicada no site da RFI em francês)
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