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Síria foca em “reconstrução” nas primeiras eleições municipais desde o começo da guerra

Eleitores que habitam nas áreas da Síria controladas pelo presidente Bashar al-Assad podem votar neste domingo (16) até as 19h no horário local (13h em Brasília). Essas serão as primeiras eleições municipais desde o começo da guerra no país, em 2011.

Idlib, na Síria: vilarejo de barracas para a população de refugiados
Idlib, na Síria: vilarejo de barracas para a população de refugiados REUTERS/Khalil Ashawi
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Com informações do correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh

Mais de 40.000 candidatos disputam um dos cerca de 18.500 cargos em todas as províncias sob tutela do regime. As eleições sofrem boicote da oposição armada, presente em Idlib e numa parte de Alep, e pelas formações curdas, que controlam um quarto do país, no leste e no nordeste.

Apesar dos conflitos, a votação ocorrerá em algumas cidades compartilhadas pelo governo e por curdos, como Hassake e Qamichli. No dia 8 de setembro, confrontos nessas duas localidades deixaram 18 mortos. Os novos vereadores deverão ter mais responsabilidade do que os anteriores, sobretudo nas áreas da reconstrução e do desenvolvimento urbano, assim como na gestão do retorno à Síria daqueles que partiram.

Eleições na Síria são criticadas pelos países ocidentais

A maior parte dos candidatos pertence ao partido Baas, do presidente Bashar al-Assad, e a seus aliados. Mas milhares de outros são independentes e alguns poucos formam uma oposição tolerada pelo regime.

Apesar da guerra que já dura desde 2011, o governo de Assad organizou duas eleições legislativas, uma em 2012 e outra em 2016. Em junho de 2014, o presidente sírio foi reeleito por um mandato de sete anos. A votação foi criticada por países ocidentais, que estimaram as condições pouco favoráveis a uma liberdade de escolha para os eleitores.

Mohammad Kabadi, de 42 anos, disse que escolheu um candidato de seu bairro. “Sei exatamente para quem vou votar, ele é jovem e sua vitória trará boas coisas aos moradores”.

As autoridades do país e a imprensa não comunicaram nenhuma informação sobre a taxa de participação. Devido ao conflito armado, não foi possível realizar uma pesquisa com a população nos últimos anos.

Eleitores se dividem entre esperança e ceticismo

Nas áreas reocupadas pelo regime, como a cidade de Deir Ezzor, no leste, ou na Ghouta oriental, perto de Damasco, os eleitores só sabem falar de uma coisa: reconstrução. “Sou otimista. O próximo conselho vai reconstruir a cidade, após toda a destruição causada pelos anos de guerra”, diz Mohamed Tah, de 36 anos.

Outros sírios permanecem pessimistas diante da realidade no país. “Para quê votar? Sejamos honestos, o que vai mudar?”, pergunta Houmam, de 38 anos. “Todo mundo sabe que os resultados já são conhecidos. Os membros de um certo partido ganharão num processo que mais parece uma nomeação que uma eleição.”

O conflito na Síria começou em março de 2011, com a repressão, pelo regime, de manifestações que pediam reformas democráticas durante a Primavera Árabe. Uma parte dos manifestantes passou a usar armas de fogo e o combate ficou ainda mais complexo com a chegada de organizações jihadistas como o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

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