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Futebol/Jerusalém

Após protestos, palestinos comemoram cancelamento do amistoso entre Israel e Argentina

Os palestinos aplaudiram nesta quarta-feira (6) o cancelamento do amistoso entre as seleções de Israel e da Argentina. O governo israelense lamentou que os argentinos tenham cedido "aos que pregam o ódio contra Israel".  

O chefe palestino Jibril Rajoub mostra foto com o jogador argentino Lionel Messi durante coletiva de imprensa, em 6 de junho de 2018.
O chefe palestino Jibril Rajoub mostra foto com o jogador argentino Lionel Messi durante coletiva de imprensa, em 6 de junho de 2018. REUTERS/Mohamad Torokman
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O presidente da Federação Palestina de Futebol, Jibril Rajoub, afirmou que o cancelamento representa um "cartão vermelho" para Israel. "O que aconteceu é um cartão vermelho do resto do mundo aos israelenses, para que compreendam que têm o direito apenas de organizar, ou jogar futebol, dentro de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente", declarou o dirigente, em referência ao status diplomático contestado de Jerusalém.

Para Israel, que organizou a partida para coincidir com o aniversário de 70 anos de sua fundação, o cancelamento do evento é similar a outros, relacionados com o conflito com os palestinos. O ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, um dos principais nomes do governo, lamentou que "a elite do futebol argentino não tenha resistido às pressões dos que pregam o ódio contra Israel e que tem como único objetivo violar o direito fundamental de nos defendermos e destruir Israel".

"Capitulação ante o terrorismo"

"Capitulação ante o terrorismo", afirma a manchete do jornal pró-governo Israel Hayom. Israel sofre há décadas uma campanha mundial de pedidos de boicote pela ocupação e colonização dos Territórios Palestinos. A partida também provocara questionamentos na Argentina, sobretudo, no plano esportivo, em um período crucial da preparação para a Copa do Mundo da Rússia.

O jogo teria sido organizado pela ministra da Cultura, Miri Regev, envolvida nas celebrações dos 70 anos de Israel. Um porta-voz da Federação Israelense disse esta semana que a entidade não estava envolvida no evento. As dúvidas sobre o caráter puramente esportivo da partida aumentaram depois que foi noticiado que dos 31.000 lugares de capacidade do Teddy Stadium, onde o amistoso seria disputado, apenas 20.000 foram colocados à venda para o público.

Messi, um ídolo nos Territórios Palestinos

O presidente da Federação Palestina pediu no domingo (3) a Messi, um ídolo nos Territórios Palestinos, que não disputasse a partida, e solicitou aos palestinos que "queimassem" suas camisas, se fosse necessário. Em um contexto de tensão na Faixa de Gaza, também pediu a Messi que não contribuísse para ocultar os "crimes" israelenses.

Os protestos chegaram a Barcelona, onde a seleção argentina treina para a Copa do Mundo. Na terça-feira (5), ativistas palestinos compareceram ao local e exibiram um uniforme da seleção argentina repleto de sangue. A embaixada de Israel em Buenos Aires, que anunciou na terça-feira a "suspensão" da partida, afirmou que as "ameaças e provocações" contra Lionel Messi "logicamente resultaram na solidariedade de seus colegas".

O chanceler argentino, Jorge Faurie, disse que a campanha que viralizou de ameaças aos jogadores também teve uma forte influência. "O próprio técnico da seleção, Jorge Sampaoli, havia pedido que não fossem mais disputadas partidas para que a equipe pudesse se concentrar no primeiro jogo na Rússia", disse Faurie. A partida, que inicialmente estava prevista para Haifa, seria disputada no sábado (9) em Jerusalém. A mudança de local reforçou a mobilização palestina, em pleno debate sobre o status da Cidade Sagrada.

O jogo seria o último da preparação da Argentina para a Copa do Mundo da Rússia-2018. O país estreia no Mundial em 16 de junho contra a Islândia, pelo Grupo D. O jornal argentino "Clarín" informou que Associação de Futebol Argentino já teria recebido US 1,5 milhão pela partida. Mas desde o anúncio do amistoso, o técnico Jorge Sampaoli não parecia convencido sobre o aspecto esportivo.

"Não sou eu que decido quando e contra quem jogamos", declarou Sampaoli após a vitória de 4-0 contra o Haiti em um amistoso disputado em 29 de maio em Buenos Aires. "No final, fizeram o certo. Isto ficou para trás. Obviamente, primeiro a saúde e o bom senso", declarou o atacante Gonzalo Higuaín após o cancelamento do jogo.

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