Dúvidas sobre acordo nuclear levam Irã a enriquecer mais urânio
O Irã informou nesta segunda-feira (4) à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que vai aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio, construindo mais centrífugas.
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Segundo o vice-presidente iraniano e presidente da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA) Ali Akbar Salehi, "uma carta foi enviada à AIEA informando sobre o início das atividades". A declaração foi dada à agência iraniana Fars. De acordo com Salehi, se as condições permitirem, o centro de produção de novas centrífugas abrirá as portas amanhã em Natanz, no centro do país.
A decisão não viola o acordo de Viena sobre o programa nuclear iraniano, que Teerã assinou com seis grandes potências em julho de 2015, afirmou o vice-presidente iraniano. No dia 8 de maio, o governo americano anunciou a saída do acordo, que também foi ratificado pelo Reino Unido, a França, a Rússia, a China e a Alemanha.
A produção de centrífugas "não significa que vamos começar a colocá-las em atividade", explicou o vice-presidente iraniano. "Também não quer dizer que fracassaram as negociações com a Europa", completou Salehi. Após a retirada dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia iniciaram negociações para que o Irã continue respeitando os termos do acordo.
Israel pede coalizão contra o Irã
Em um discurso nesta segunda-feira (4), o guia supremo iraniano, Ali Khamenei, disse que a OIEA tinha "o dever de preparar-se rapidamente" para aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio, que possibilita a produção de combustíveis para as centrais nucleares que geram energia para fins civis, como Medicina.
Mas o urânio altamente enriquecido e em quantidade suficiente pode ser usado na produção de uma bomba atômica. Estados Unidos e Israel acusam o Irã de querer fabricar a arma nuclear, mas o país nega as acusações e afirma que seu programa tem um objetivo pacífico e civil.
"Decisão iraniana visa destruir Israel"
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que chegou nesta segunda-feira (4) a Paris depois de se encontrar com a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a decisão iraniana de enriquecer mais urânio “não é surpreendente”.
Segundo ele, o anúncio mostra que o objetivo do Irã é "destruir Israel." Nesta terça-feira (5), o premiê israelense se encontra com o presidente francês, Emmanuel Macron, para obter apoio contra o governo iraniano caso o acordo nuclear seja definitivamente arquivado. “Não deixaremos o Irã obter a arma atômica”, declarou Netanyahu em um vídeo transmitido de Paris.
Nesta terça-feira (5), o ministro israelense da Inteligência, Yisrael Katz, pediu a formação de uma coalizão militar contra o Irã caso ele se retire do acordo internacional e não esclareça suas ambições nucleares, enriquecendo urânio para fins militares.
Neste caso, "seria necessária uma tomada de posição do presidente dos Estados Unidos e de toda a coalizão ocidental - na qual estariam sem dúvida os (países) árabes e Israel - para deixar claro que se os iranianos voltarem (a enriquecer com fins militares), se formará uma coalizão militar contra eles", afirmou Katz.
(Com informações da AFP)
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