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Estados Unidos/ONU

ONU se mobiliza para salvar agência humanitária para refugiados palestinos

Longe do Palácio de Vidro em Nova York – e de Washington – a sede da FAO em Roma foi escolhida para ser o palco de uma decisão de urgência da ONU: salvar da bancarrota a Agência de Assistência aos refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, em inglês).

O diretor de operações da agência da ONU para os palestinos, UNRWA, na Jordânia, Roger Davies
O diretor de operações da agência da ONU para os palestinos, UNRWA, na Jordânia, Roger Davies (Foto: Divulgação UNRWA /Mahmud Al Haj)
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Rafael Belincanta, correspondente da RFI em Roma

Na manhã desta quinta-feira (15), o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que a “preocupação se transforme em dinheiro”, convocando os países a realizarem doações adicionais à agência. Da sua parte, Guterres afirmou que o Fundo para Emergências das Nações Unidas já garantiu US$ 30 milhões de dólares como medida de urgência. “Até que não se chegue a uma justa e definitiva solução para o conflito entre Israel e Palestina, o trabalho da agência permanece fundamental”, reiterou o secretário-geral.

Doações de emergência

No início da tarde o comissário-geral da agência de Assistência aos refugiados palestinos, Pierre Krähenbühl, ao anunciar novas contribuições de cerca de US$ 100 milhões à agência, disse que “nunca houve um apoio tão grande à UNRWA quanto hoje aqui em Roma”. Entre os maiores doadores estão o Qatar, Canadá, Suíça, Turquia, Nova Zelândia, França, Noruega, Índia e Coreia.

“A soma de US$ 100 milhões é um importante primeiro passo para zerar nosso déficit, e vemos isso como um forte sinal. Agora posso trabalhar com os outros países que anunciaram estar prontos para realizar novas contribuições”, disse Krähenbühl à RFI Brasil.

Com quase 70 anos de fundação, a Agência de Assistência aos refugiados palestinos enfrenta a maior crise financeira de sua história: o déficit é de quase 450 milhões de dólares. Sem a intervenção de urgência, a assistência humanitária a quase 5 milhões de refugiados poderia cessar já em julho. A agência conta com 700 escolas e 140 clínicas na Síria, Líbano, Jordânia, Faixa de Gaza e Cisjordânia. Uma campanha de arrecadação chamada “Dignidade não tem preço” também foi lançada no site da agência (www.unrwa.org).

Suécia, Jordânia e Egito convocaram essa reunião para promover uma resposta coletiva da comunidade internacional à crise da agência humanitária. Os ministros das Relações Exteriores dos três países defendem uma “mobilização política e econômica que garanta uma estabilidade financeira imediata e a longo prazo para a agência”.

Resposta a Trump

A ação é uma resposta à decisão do presidente americano Donald Trump que, no final do ano passado, determinou que os Estados Unidos deixassem de enviar às Nações Unidas cerca de 285 milhões de dólares em 2018. O anúncio veio logo após Trump ter reconhecido Jerusalém como capital de Israel, decisão que foi rechaçada por 120 países-membros da ONU.

Os EUA são responsáveis por aproximadamente 20% do orçamento da ONU, cerca de 5,6 bilhões de dólares por biênio. A política nacionalista e anti-imigração de Trump choca-se de frente com a linha seguida por Guterres. O ex-premiê português foi eleito secretário-geral da ONU após seu mandato como Alto comissário para os refugiados, em uma época em que as migrações estão no centro das decisões internacionais.

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