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Polêmica

Rússia esperará que sanções dos EUA se tornem lei para se manifestar

A Rússia indicou nesta quarta-feira (26) que vai esperar até que a adoção de novas sanções pela Câmara de Representantes dos EUA se torne lei para apreciar a questão. O governo russo alerta que o projeto ameaça "destruir as perspectivas de normalização" das relações entre os dois países, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov REUTERS/Maxim Shemetov
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A União Europeia se disse preocupada com "o possível impacto das sanções na independência energética do bloco" e com "suas consequências políticas negativas possíveis", lembrando a importância de coordenação sobre o tema entre todos os países do G7.

O projeto também inclui sanções contra o Irã, especialmente contra a Guarda da Revolução, acusada de apoiar o terrorismo, e contra a Coreia do Norte, por seus testes nucleares.

O Irã considerou a aprovação do projeto como uma "ação hostil" que pode prejudicar a aplicação do acordo sobre o programa nuclear iraniano de julho de 2015, de acordo com o vice-chanceler Abbas Aragshi, em declarações à agência de notícias iraniana Isna.

Já em Moscou, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, citado pela agência pública de notícias TASS, declarou que "o que está acontecendo não entra no senso comum”. “Os autores e patrocinadores desse projeto de lei dão um passo muito grave na direção de uma destruição das perspectivas de normalização das relações com a Rússia".

Ele assegurou, no entanto, que a Rússia vai "trabalhar na busca dos meios para avançar e encontrar compromissos sobre os temas que são importantes para Rússia e Estados Unidos: a luta contra o terrorismo e a proliferação das armas de destruição em massa".

Interferência na campanha eleitoral

O texto justifica as sanções por sua suposta interferência na campanha eleitoral americana do ano passado, assim como pela anexação da Crimeia e pelas ingerências na Ucrânia.

Nesse contexto, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, comemorou no Twitter a "importante decisão".  "O preço a pagar pela agressão deve ser maior!", declarou na rede social.

O consenso no Capitólio foi quase total. A proposta foi aprovada por 419 votos a favor e 3 contra.

O texto ainda deve passar pelo Senado para sua adoção definitiva, o que deve acontecer provavelmente antes de meados de agosto.

O projeto de lei prevê um mecanismo inédito, que incomoda particularmente a Casa Branca: os congressistas poderão se interpor se o presidente Donald Trump decidir suspender as sanções.

Se o texto for aprovado no Senado, Trump ainda pode vetá-lo, mas bastará ao Congresso uma maioria de dois terços, em nova votação, para fazê-lo valer.

"Apesar de o presidente apoiar sanções severas contra Coreia do Norte, Irã e Rússia, a Casa Branca estuda esse projeto de lei e espera uma versão final", declarou a porta-voz da Presidência americana, Sarah Huckabee Sanders.

Linha vermelha

De Paris a Berlim, passando por Bruxelas, a iniciativa do Congresso americano incomoda por ser unilateral, sem qualquer coordenação com a União Europeia, como era o caso das sanções impostas à Rússia até o momento.

"A unidade do G7 a respeito das sanções é de suma importância", disse na segunda-feira (24) o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.

Ela disse também que Jean-Claude Juncker, presidente da comissão, sinalizou na última cúpula do G20 que a UE está pronta para reagir.

A lei americana permitiria a Trump sancionar empresas europeias que trabalham em oleodutos procedentes da Rússia - limitando, por exemplo, seu acesso a bancos americanos e excluindo-as dos mercados públicos nos Estados Unidos.

Até o momento, Washington e Bruxelas haviam delimitado uma linha vermelha, a fim de impedir que as sanções afetassem o abastecimento energético da Europa.

Em uma aparente concessão, a Câmara de Representantes dos EUA modificou ligeiramente um artigo, de modo que as sanções sejam dirigidas apenas aos oleodutos de origem russa, deixando de fora os que se originam no Cazaquistão ou que apenas atravessam o território russo.

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