Clima de tensão reforça segurança do papa no Egito
Visita engloba riscos de segurança e traz à tona debate de tolerância religiosa no país onde surgiram os primeiros grupos radicais islâmicos.
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Do Cairo, Richard Furst em colaboração especial para a RFI
Para reforçar a segurança do papa, ruas inteiras serão fechadas. Passeios em carro aberto também não serão feitos, como já esperado em um país onde apenas 0,5% da população são cristãos.
Mesmo assim, o Vaticano assegurou que a viagem ao Egito está seguindo os mesmos padrões de outras peregrinações papais. Mais uma vez, Francisco andará de carro não-blindado.
Algumas mudanças de última hora, porém, chamam a atenção. O local da missa, a ser realizada no sábado (29), foi alterado para um ginásio na base militar do Cairo. A ideia é reforçar a segurança numa área que já é fortemente controlada durante o ano, o que deve reduzir consideravelmente as chances de um atentado. Uma das motivações apontadas pela organização é de que o espaço acomodaria um público maior, de cerca de 28 mil pessoas.
Segundo dom Emmanuel Bishay, bispo de Luxor e presidente do comitê organizador da visita, “de uma sala coberta próxima ao estádio do Cairo, a missa foi transferida para o estádio da Aeronáutica para facilitar, também, o estacionamento e a comodidade, longe do centro da cidade”.
Cristãos coptas homenageiam o papa
Pela quantidade de colares em forma de crucifixo e roupas com imagem da Virgem Maria, o aeroporto do Cairo está recebendo um número considerável de cristãos da Igreja Copta que se mudaram do Egito para a Europa ou para os Estados Unidos em busca de estabilidade.
Há três semanas duas igrejas coptas foram alvos de ataques terroristas, que provocaram a morte de 45 pessoas, deixando ainda uma centena de feridos nas cidades de Tanta e Alexandria, durante as celebrações da Semana Santa.
Placas celebrando a visita do Papa foram instaladas nas ruas do Cairo pelo governo de El-Sisi, e não pelos fiéis, como uma ação voluntária que dificilmente ocorreria no momento difícil que os egípcios vivem na política, economia e religião.
Encontros pela paz
Na capital egípcia, o papa Francisco vai se reunir com o líder de uma das principais instituições muçulmanas sunitas, o grande imã da Universidade al-Azhar, em uma conferência internacional sobre a paz. Também vai ser recebido pelo chefe da Igreja Copta Ortodoxa e representantes da Igreja Católica.
Na agenda da viagem há menos discursos do que em outras já feitas pelo papa. Apesar de todo esquema de segurança e de um certo temor da população, espera-se que Francisco quebre o protocolo numa tentativa de se aproximar dos muçulmanos.
Esta é a 18ª viagem do papa ao exterior nestes quatro anos como líder dos católicos e a sétima vez que Francisco visita uma nação de maioria muçulmana. Francisco é o segundo papa a visitar o Egito, depois que João Paulo II, esteve no Cairo e no Monte Sinai no ano 2000.
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