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Sociedade

Por que as pessoas se casam cada vez mais tarde?

A idade do casamento aumentou em média dois anos, tanto para o homem quanto para a mulher, em todas as partes do mundo. Os dados, recolhidos pela ONU, foram apresentados nesta semana no Instituto de Estudos Demográficos da França (Ined, sigla em francês).

Segundo dados da ONU, atualmente as mulheres se casam, em média, aos 23 anos, e os homens, aos 26 anos.
Segundo dados da ONU, atualmente as mulheres se casam, em média, aos 23 anos, e os homens, aos 26 anos. Camilla Jorvad/getmarriedindenmark.com
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A base de informações da ONU compila 1.462 recenseamentos e estudos e permite traçar a evolução dos casamentos e outras formas de união desde os anos 70, em 231 países. Através da análise destes dados, sabe-se que atualmente as mulheres se casam, em média, aos 23 anos, e os homens, aos 26 anos - dois anos mais tarde do que nos anos 80.

A idade média para se casar aumentou particularmente na Europa e na América do Norte (4 anos a mais desde 1980) para homens e mulheres. O fenômeno foi observado também na África, onde as pessoas se casam em média dois anos mais tarde do que há 36 anos. Já na Ásia e na América Latina o aumento foi de apenas um ano, em relação ao mesmo período.

Segundo Vladimira Kantorova, demógrafa da ONU entrevistada pelo jornal Le Monde, a formação cada vez mais tarde de casais é prova de diferentes realidades, de acordo com a região onde o fenômeno é observado. "Nos países ricos, isso é sinal de demora na transição para a idade adulta e também reflete a situação econômica difícil dos jovens, o que torna mais complicada a formação de uma família", explica. Já nos países em desenvolvimento, casar-se cada vez mais tarde demonstra um maior acesso à educação de homens e mulheres, garante a especialista.

Autonomia feminina

Para a diretora de pesquisa do Ined, Véronique Hertrich, o aumento da idade média no casamento para as mulheres tem também outra interpretação. "Significa o reconhecimento da possibilidade de a mulher ter uma vida que não seja limitada a ser esposa e mãe", ressalta, em entrevista ao Monde.

Outra evolução observada pela ONU foi a diferença média de idade entre os casados heterossexuais. Na África, onde os homens são tradicionalmente mais velhos do que as mulheres com quem se casam, a diferença passou de 5,4 anos em 1980 para 4,7 anos hoje. Na América Latina, os maridos são atualmente 2,9 anos mais velhos do que as esposas, em média. Na Ásia, a diferença é de 3 anos. Já nos casais da América do Norte e na Europa, os homens têm 2,5 anos de idade a mais do que a mulher.

De acordo com Hertrich, a diferença de idade é um indicador de desigualdade nos casais. Na África, por exemplo, isso facilita a poligamia. "Uma diminuição da diferença de idade entre os casais significa uma baixa do número de uniões onde a mulher tem menos importância no casamento pelo fato de ser muito mais jovem que seu marido", analisa.

Essa evolução, no entanto, não oculta a existência de casamentos precoces, extremamente prejudiciais à autonomia, à educação e à saúde das adolescentes. Em cerca de 40 países, a proporção de garotas que se casaram antes dos 18 anos ultrapassa 30% dos matrimônios. O fenômeno é observado especialmente na África Central, do Oeste e no sul da Ásia.

Fim do monopólio do casamento

Outra evidência observada pela ONU é o fim do monopólio do casamento em relação às "uniões informais" nos países ocidentais. O aumento do número de pessoas que têm uma vida em comum, mas que preferem não se casar aumenta especialmente na América Latina.

O recuo, no entanto, ainda é pouco para saber se o casamento está perdendo terreno ou se os mais jovens preferem apenas retardar a oficialização de suas uniões.

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