Putin defende coalizão ampla para ajudar Síria a combater terrorismo
Vladimir Putin se prepara para lançar um apelo internacional na próxima Assembleia Geral da ONU, no final de setembro, para apoiar o regime sírio no combate ao terrorismo. Além de defender sua estratégia de apoio a Bashar Al-Assad, o presidente russo confirmou que continua a enviar armas e dar assistência técnica para Damasco.
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"Nós apoiamos o governo sírio em sua luta contra o inimigo terrorista. Nós propusemos e continuaremos a oferecer uma ajuda militar técnica", afirmou Putin durante visita ao Tajiquistão, nesta terça-feira (15).
A declaração é uma resposta aos Estados Unidos que denuncia um importante envio de material e equipamento russo para o norte da Síria.
Vladimir Putin lançou mais uma vez seu apelo para uma "grande coalizão" contra o grupo Estado Islâmico: "A prioridade atual é a união de nossas forças contra o terrorismo. Sem isso, é impossível resolver problemas urgentes, como o problema dos refugiados", disse.
Segundo a correspondente da RFI em Moscou, Muriel Pompone, Putin se coloca como um defensor dos interesses da Europa porque, de seu ponto de vista, a maioria dos migrantes sírios foge dos grupos radicais islâmicos e não dos bombardeios do exército sírio. Putin considera que se a Rússia parar de apoiar o regime de Al Assad, o fluxo de refugiados poderá ser ainda maior.
Para o presidente russo, os moradores fogem dos combates, "que são fruto de uma intervenção externa, da distribuição de armas e de outros equipamentos".
"As pessoas fogem do país devido às atrocidades cometidas pelos terroristas. Nós sabemos muito bem como eles procedem, como eles matam as pessoas e destroem os monumentos. É esse radicalismo que provoca a fuga das pessoas. E, sem o apoio da Rússia ao governo sٕírio, a situação seria hoje bem pior do que na Líbia e o número de refugiados seria maior", acrescentou.
Envio de armas
A Rússia já enviou sete tanques T-90 em um campo de aviação perto de Lattaquié, reduto do presidente Bashar Al-Assad na costa síria, segundo responsáveis do governo americano. Washington acredita que 200 soldados da infantaria russa estão posicionados no local e dois aviões de carga russos aterrisam diariamente nas pistas.
A Rússia, que dispõe de uma base naval no porto sírio de Tartus desde a época soviética, já teria enviado na semana passada sistemas de mísseis antiaéreos SA-22, provavelmente para garantir a defesa do campo de aviação de Lattaquié.
Na sexta-feira (11), o presidente Barack Obama estimou que a estratégia da Rússia de apoio a Al Assad estava "condenada ao fracasso", já que a política do líder sírio é "devastadora para seu próprio povo".
Preocupação de Israel
A confirmação do presidente russo de continuar enviando armas ao regime de Damasco deixou a comunidade internacional em alerta.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netaniahu, vai a Moscou no dia 21 de setembro falar com Putin sobre o reforço da presença militar russa na Síria. Segundo fontes israelenses, o premiê irá alertar Moscou da ameaça que representa para Israel o envio de material militar ao território sírio e eventuais transferências de armas letais ao movimento xiita libanês Hezbollah e a outros grupos terroristas.
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