Na Turquia, papa critica “todas as formas de fundamentalismo” religioso
O papa Francisco exortou a Turquia e o Oriente Médio a participar de um “diálogo intercultural e inter-religioso” para “acabar com todas as formas de fundamentalismo e terrorismo”. Nesta sexta-feira (28), seu primeiro dia de visita ao país, ele pediu para Ancara respeitar os direitos dos cristãos.
Publicado em: Modificado em:
Na opinião do papa, o diálogo entre as religiões pode contribuir para contrabalançar o “fundamentalismo” e o “terrorismo” que abalam o Oriente Médio, em especial no Iraque e na Síria. Fazendo alusão à organização extremista Estado Islâmico, mas sem citá-la, Francisco desejou que “a solidariedade de todos os fiéis possa inverter a tendência de uma violência terrorista que não tende a se apaziguar”.
“Repetindo que é legitimo parar o agressor injusto, mas no respeito ao direito internacional, eu quero lembrar que não podemos confiar a resolução dos problemas somente à resposta militar”, afirmou.
O papa também não deixou de apontar os problemas de liberdade religiosa na Turquia, em especial as perseguições às minorias cristãs. “É fundamental que cidadãos muçulmanos, judeus e cristãos gozem dos mesmos direitos e respeitem os mesmos deveres, tanto nas leis quanto na aplicação efetiva delas”, destacou. Para o pontífice, a Turquia deveria “ser um exemplo” e favorecer “o encontro de civilizações” – para ele, o país é “um ponto natural entre dois continentes e expressões culturais diversas”.
Francisco também chamou a atenção para o destino dos milhares de refugiados sírios e iraquianos, que atravessam diariamente a fronteira com a Turquia, onde se instalam em condições precárias. Ele elogiou o governo turco pelos esforços “generosos” em controlar a crise humanitária, mas ressaltou que os países “têm a obrigação moral” de ajudar a Turquia a enfrentar o problema.
Aumento da ‘islamofobia’
Já o presidente da Turquia, o conservador islâmico Recep Tayyip Erdogan, demonstrou preocupação com o aumento da “islamofobia” no mundo. Depois de se encontrar com o papa, o chefe de Estado pediu que cristãos e muçulmanos se unam para lutar contra o preconceito.
“Os preconceitos se desenvolvem entre os mundos muçulmano e cristão. A islamofobia aumenta séria e rapidamente”, constatou o presidente, depois de uma reunião privada com o papa. “Nós devemos trabalhar juntos contra as ameaças que atingem o nosso planeta: a intolerância, o racismo e as discriminações”, afirmou.
Erdogan também aproveitou a ocasião para criticar o “duplo discurso” dos países ocidentais sobre o terrorismo, em relação à Síria e Israel. “Há, na Síria, um terrorismo de Estado organizado por uma pessoa. E um terrorismo de Estado também acontece em Gaza. (…) Há um duplo discurso e uma injustiça.”
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro