Libéria reprime multidão que queria sair de quarentena pelo risco de Ebola

Soldados liberianos atiraram com munição real e lançaram gás lacrimogêneo contra uma multidão que tentava romper uma quarentena imposta a um bairro da capital, Monróvia, por causa da epidemia de Ebola. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas nos confrontos, nesta quarta-feira (27).

Residentes de uma zona de quarentena em Monrovia, em foto de 23 de agosto. REUTERS/2Tango

Não ficou claro se algum morador foi ferido pelos tiros. O incidente ocorreu no extenso bairro pobre de West Point, em Monróvia. Autoridades liberianas impuseram um toque de recolher no país na terça-feira (26) e a quarentena em West Point para conter a disseminação da doença.

"Os soldados estão usando munição real", disse um porta-voz do Exército, Dessaline Allison. "Os soldados adotaram, nesse caso, as normas de ação. Eles não atiraram em cidadãos pacíficos. Haverá relatórios médicos sobre se os ferimentos foram causados por tiros", explicou o militar.

Ainda lutando para se recuperar da devastadora guerra civil de 1989-2003, a Libéria registrou 95 mortes por Ebola desde 18 de agosto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A epidemia já matou 1.350 pessoas na África Ocidental.

Alemanha recebe primeiro doente

Um especialista senegalês da OMS infectado pelo vírus Ebola foi internado nesta quarta-feira em um hospital de Hamburgo, norte da Alemanha. Ele é o primeiro paciente tratado pela doença no país.

Segundo a organização, o epidemiologista foi contaminado em Serra Leoa pelo vírus, que provoca febres hemorrágicas. O paciente ficará internado no hospital universitário de Hamburgo-Eppendorf (UKE).

A clínica é especializada no tratamento de doenças altamente contagiosas. No fim de julho, a OMS já havia solicitado a internação no local de um de seus colaboradores, mas o médico contaminado morreu antes da viagem para a Alemanha. No domingo, um britânico que vive em Serra Leoa e foi contaminado pelo vírus Ebola foi admitido em um hospital de Londres.

O Ebola afeta a Libéria, a Guiné, Serra Leoa e, em menor medida, a Nigéria. Não existe vacina ou tratamento para o vírus, transmitido por contato direto com fluidos corporais.

Suspensão de voos

A companhia aérea Air France anunciou nesta quarta-feira a suspensão provisória dos voos em direção à capital de Serra Leoa, Freetown, devido à epidemia. A decisão atende a uma recomendação do governo francês. Por enquanto, a Air France mantém os trajetos para a Guiné e a Nigéria.

O próximo voo da companhia para Freetown estava previsto para sexta-feira. Os passageiros poderão ser reembolsados ou direcionados a voos por outras empresas que continuam realizando o percurso.