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Tunísia/Crise política

Governo tunisiano aceita condições para dialogar com oposição

O movimento muçulmano Ennahda, no poder na Tunísia, aceitou nesta quinta-feira proposta fixada pelo UGTT, principal sindicato do país, como base para negociações com a oposição que podem encerrar a crise política que paralisa o país desde o assassinato do opositor Mohamed Brahmi, há quase um mês. O anúncio foi feito pelo chefe do partido islamita, Rached Ghannuchi, à saída de um encontro com o secretário geral da central sindical, Hussin Abassi.

Protestos contra o governo tunisiano islamista na capital, Tunis, em foto do 13 de agosto de 2013.
Protestos contra o governo tunisiano islamista na capital, Tunis, em foto do 13 de agosto de 2013. REUTERS/Anis Mili
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A iniciativa de saída da crise formulada pelo UGTT em 30 de julho prevê, entre outras coisas, o estabelecimento de um governo apolítico, a permanência da Assembleia Nacional Constituinte e a organização de calendários para a adoção da Constituição e para a organização de eleições. Nenhum dos dois interlocutores confirmou se os islamitas aceitaram deixar o poder.

"O Ennahda fez uma série de propostas e nós vamos transmiti-las à oposição. Se elas forem aceitas, começaremos o diálogo nacional", declarou Abassi. Até agora, a heterogênea coalizão de oposição, que reúne desde a extrema-esquerda até a centro-direita, sempre condicionou o início da conversa à dissolução do executivo e à formação de um "governo de salvação nacional", composto exclusivamente por independentes.

Os islamitas, por sua vez, não aceitaram iniciar uma conversa enquanto os opositores impuseram a demissão do governo como condição. A proposta do Ennahda é criar um governo de união nacional, que inclua todos os partidos.

Com 500 mil membros e força política para paralisar o país por meio de greves, o UGTT media o conflito, mas mantém relações tensas com o governo desde que o primeiro ministro Ali Larayedh paralizou os trabalhos da Constituinte. A partir do próximo sábado, começa o que a oposição chama de "semana da partida", durante a qual fará uma série de manifestações pacíficas exigindo a dissolução do executivo.

O primeiro grande movimento acontece diante da Assembleia Nacional Consituinte, mesmo lugar onde dezenas de milhares de pessoas já protestaram nos dias 6 e 13 agosto. Na terça-feira, Larayedh criou um alerta a "atentado contra instituições do Estado", ainda que até agora, a contestação tenha sido majoritariamente não violenta, com apenas alguns atritos no fim de julho.

O governo é acusado de falhar no combate ao radicalismo islâmico, mas também no plano econômico. Em fevereiro, o Ennahda já foi levado à demissão por conta do assassinato de outro opositor. Os islamitas acreditam ter legitimidade para dirigir o país depois da eleição da Constituinte em outubro de 2011, ainda que os trabalhos desta assembleia estejam quase um ano atrasados.

Por conta disso, alguns membros do partido no poder chegam a classificar as reinvindicações da oposição como tentativa de "Golpe de Estado".
 

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