Lobsang Sangay substitui Dalai Lama como representante do Tibete
Um jurista de 42 anos foi eleito primeiro-ministro do governo tibetano no exílio e terá a difícil tarefa de desempenhar o papel político exercido até então pelo carismático Dalai Lama.
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Maria João Belchior, correspondente da China em Pequim
O ex-estudante da Universidade de Harvard, Lobsang Sangay, conquistou 55% dos votos dos tibetanos no exílio e assumirá o cargo de primeiro-ministro. Cerca de 83 mil tibetanos votaram nessas eleições. Em março do ano passado, Dalai Lama anunciou que iria se retirar da vida política e que os tibetanos deveriam se preparar para eleger seu próximo líder. Mas ele continua como líder espiritual do povo tibetano.
Lobsang derrotou outros dois candidatos e vai se mudar para Dharamsala, no norte da Índia. Formado em Direito Internacional, o novo primeiro-ministro representa os milhares de tibetanos que vivem atualmente no exílio. Incluindo a China, estima-se que no mundo todo existam hoje seis milhões de tibetanos.
O governo tibetano existe a partir da Índia como uma representação, já que seu território ainda pertence à China. Para o Dalai Lama, se Pequim desse a verdadeira autonomia ao povo tibetano, seria possível retomar o diálogo. Lobsang Sangay não veiculou a mesma mensagem durante a sua campanha.
O novo líder político tibetano tem muitos desafios pela frente. Num artigo publicado na semana passada no jornal Diário do povo, que é o principal órgão do Partido Comunista Chinês, a posição do governo fica clara : a China nunca vai permitir que o Tibete seja independente. Ao acusar o Congresso da Juventude Tibetana, uma organização não-governamental na Índia de ser um grupo terrorista, o editorial publicado na internet relaciona a fama do novo primeiro-ministro tibetano com o seu trabalho dentro desta organização.
Lobsang disse que, em 16 anos passados em Harvard, teve muito contato com chineses, o que levou a acreditar que é possível encontrar uma solução pacífica. Mas apesar da mensagem de paz, o governo chin não há nada a comemorar, já que os contatos com tibetanos no exílio são considerados um crime. Além do Tibete, muitas das regiões do planalto tibetano foram fechadas para o turismo.
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