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Tunísia

Governo de transição da Tunísia já enfrenta desistências

O governo de união nacional anunciado ontem na Tunísia já enfrenta as primeiras baixas: três ministros indicados pela maior central sindical do país e o partido de oposição FDLT desistiram de participar da transição devido à permanência de ministros do antigo regime de Ben Ali nas pastas da Defesa, do Interior e das Relações Exteriores.

Milhares de tunisianos voltaram às ruas, agora para protestar contra a permanência de ministros do antigo regime no governo de transição.
Milhares de tunisianos voltaram às ruas, agora para protestar contra a permanência de ministros do antigo regime no governo de transição. Reuters
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Manifestantes voltaram às ruas de Tunis, nesta terça-feira, para protestar contra o governo de união nacional anunciado ontem pelo primeiro-ministro tunisiano, Mohamed Ganouchi. O premiê manteve no governo de transição ministros do antigo regime de Ben Ali, irritando a população e representantes da oposição. Para apaziguar os ânimos, o presidente interino, Fued Mebazaa e o premiê Ganouchi se desligaram do partido do ex-presidente Ben Ali (RDC).

Nesta terça-feira, o partido de oposição FDLT anunciou que não ia mais participar do governo de união nacional. Mais cedo, três ministros indicados pela maior central sindical tunisiana (UGTT) também desistiram de participar do novo gabinete. Para insatisfação geral, os três postos mais importantes, como os de ministros do Interior, da Defesa e das Relações Exteriores, continuam nas mãos de membros do antigo regime.

Novas manifestações na capital da Tunísia pediram nesta terça-feira a condenação do clã do presidente deposto por corrupção. O ex-presidente Ben Ali, a primeira-dama Leila Trabelsi e familiares fugiram na noite de sexta-feira da Tunísia e estão refugiados na Arábia Saudita.

Nesse momento de instabilidade política, outra preocupação dos tunisianos é conter a ascensão oportunista de líderes islâmicos radicais num país que até o momento se caracteriza por um islamismo moderado. O líder islâmico Sadok Chourou, de 63 anos, libertado em outubro passado depois de passar 20 anos na prisão por suas atividades políticas, participou dos protestos em Tunis. Antes de ser preso, Chourou presidia o movimento islâmico Ennahda, que teve seu registro caçado mas pretende se reabilitar para participar das próximas eleições.

O governo provisório tunisiano terá a responsabilidade de administrar a transição e preparar as próximas eleições presidenciais e legislativas, daqui a seis meses. Algumas medidas de abertura foram anunciadas como a legalização de quase todos os partidos, com exceção do partido islâmico Ennahda e o Partido Comunista dos Trabalhadores da Tunísia. Além disso, estão garantidas a partir de agora a liberdade total de informação, a libertação de todos os presos políticos e o fim da proibição das atividades de ONGs de defesa dos direitos humanos.

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