"Quando começo um trabalho, nunca sei para onde vou": Celia Eid, videasta
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Durante a 4ª Semana da América Latina e Caribe, que se realiza em Paris, a artista plástica e videasta brasileira Celia Eid apresenta no dia 6 de junho uma retrospectiva de vídeos, na embaixada do Brasil. "Do olho ao ouvido, uma interação", é o nome da mostra da artista, que forma uma dupla com Sébastien Béranger, compositor de música contemporânea.
O desenho e a música sempre fizeram parte da vida de Celia Eid. Da infância à adolescência fez diversos cursos livres de desenho na Fundação Álvares Penteado, em São Paulo; exímia clarinetista, formou-se em música na ECA - Escola de Comunicações e Artes da USP. No entanto, foi como ilustradora que se firmou na vida profissional. Trabalhou em um grande jornal, colaborou com muitas editoras, e também foi capista, tendo, inclusive, recebido o prêmio Jabuti em 1994 pela capa de "Processo de Criação", da editora Marco Zero.
Hoje, Celia se dedica a um trabalho que une suas duas paixões: a música e o desenho de animação. Com o músico e parceiro Sébastien Béranger, realizou uma primeira criação chamada Gymel. "Foi com esse trabalho que tive meu primeiro contato com Sébastien. A música já existia, ela me inspirava muito, comecei a trabalhar a música sem que ele soubesse... quando eu já tinha alguns minutos mostrei as imagens para ele, que me deu o aval para continuar e, a partir daí, começamos a ter um relacionamento muito bom", ela conta.
Foi a partir do segundo trabalho que a dupla começou a colaborar realmente, os dois fazendo juntos a obra avançar. "Eu trabalho sem projetos, não sei para onde vou. Faço muitos testes para procurar o mote, mas quando começo vou indo, sem saber para onde vou, e ele se adaptou super bem com esse meu jeito de trabalhar... e se passa como o trabalho de um repentista, eu faço alguma coisa, mando para ele, ele manda de volta, e vai nesse diálogo, sempre com muita liberdade para os dois", Celia explica.
No vídeo chamado Gymel, interpretado pelo Ensemble Aleph, as cores são fortes e a imagem simplesmente desaparece no final, sugada pelo nada. Em Erase, círculos verdes invadem o preto e branco, também no final.
Como será que a artista pensa essas conclusões? "Essa é uma pergunta super interessante porque, na verdade, é como num discurso, como numa conversa. Chega uma hora, você acaba, você não sabe por que, aquilo que você estava falando, acabou. E é desenvolvido realmente assim, chega uma hora que acaba".
Celia Eid e Sébastien Béranger comemoram dez anos de colaboração com um concerto na Sala Villa-Lobos, na embaixada do Brasil. "É muito importante para nós, estamos apresentando um trabalho totalmente novo, uma nova experiência para nós, que não é um trabalho fixo, é um vídeo-música improvisado que, como toda improvisação, cada vez vai ser diferente".
Este é o programa do concerto do duo Eid&Béranger
- Prólogo interativo
- Gymel
- Improvisação #1 (eletrônica, Sébastien Béranger)
- Erase
- Improvisação #2 (eletrônica, Sébastien Béranger)
- Dislocações (com a pianista iraniana Nina Maghsoodloo)
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