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Planeta Verde

Custo da França com a poluição chega a R$ 349 bi ao ano

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A poluição não estraga apenas o meio ambiente e a saúde: custa caro para os cofres públicos. Um relatório publicado nesta quarta-feira mostrou o quanto a França gasta por ano por causa da poluição atmosférica. A conta passa de € 101 bilhões (R$ 349 bilhões).

Com frequência, Paris registra picos de poluição.
Com frequência, Paris registra picos de poluição. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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Para se ter uma ideia, o valor representa cerca de um terço da dívida grega. O problema geraria um gasto de € 1.600 (R$ 5.500) por pessoa a cada ano, pelo governo francês. O relatório, elaborado por uma comissão do Senado, leva em conta os custos de saúde, ausências no trabalho e queda na produção agrícola.

A senadora ecologista Leila Aichi, relatora da comissão, afirma que o documento é baseado em estudos encomendados a pesquisadores em medicina sanitária e economistas. Ela garante: o valor real pode ser bem maior.

“O custo é extremamente subestimado, porque temos estudos sobre um número muito limitado de poluentes, apenas entre dois e dez. A União Europeia, por exemplo, diz que há 85 substâncias”, lembra. “Além disso, não temos estudos suficientes sobre todas as doenças que podem ocorrer pela poluição atmosférica.”

A senadora explica que, ao contrário dos clichês, não são apenas as grandes cidades que sofrem com níveis elevados de poluição atmosférica. No interior, muitas casas ainda são aquecidas por lareira, por exemplo, e os produtos químicos usados na agricultura se disseminam no ar.

O relatório sugere 61 medidas que a França deveria adotar para atenuar o problema, como aplicar mais taxas sobre as emissões de gases poluentes e diminuir o uso de diesel – o combustível mais usado pelos veículos.

Aichi espera que os números levem o governo a tomar medidas emergenciais contra a poluição. “É um gasto considerável, colossal. É uma aberração sanitária, mas também econômica”, afirma. “Está mais do que na hora de fazermos alguma coisa.”

Efeitos na saúde

Os custos mais elevados são de saúde. As consultas médicas, internações hospitalares, ausências no trabalho e mortes precoces devido à poluição sugam de € 68 a 97 bilhões dos cofres públicos. O médico Jean Lefevre explica que as micropartículas inferiores a 10 micrômetros entram no pulmão, causando insuficiência respiratória.

“A poluição favorece o aparecimento de câncer do pulmão, além de uma série de outras doenças respiratórias. Abaixo de 2,5 micrômetros, nós percebemos que as partículas podem atravessar os alvéolos e entrar na circulação, onde terão um efeito inflamatório”, explica. “As micropartículas podem se acumular em alguns órgãos, como os rins ou o coração, favorecendo o aparecimento de doenças, inclusive cardiovasculares, como AVC e infarto.”

A ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, prometeu medidas “à altura”, já na semana que vem. “Agora, ninguém mais tem desculpa para não agir. As pessoas não podem mais desconversar, dizer que não é o momento e que vamos ver amanhã”, avalia a socialista. “Os prefeitos das grandes cidades precisam assumir as suas responsabilidades, criando áreas com circulação restrita de carros. Decisões extremamente rígidas serão tomadas, com base neste relatório, que eu parabenizo pela qualidade.”

A França tem tido repetidos picos de poluição, principalmente nos dias de forte de calor. Os transportes são considerados os principais causadores do problema.

 

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