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Planeta Verde

Peru: negociações sobre o clima estão vagas, alerta ambientalista

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A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-20) se encaminha para o fim, no Peru, mas as propostas sobre a mesa ainda permanecem vagas, principalmente sobre quais serão os comprometimentos de redução de emissões de gases de efeito estuda por cada país a partir de 2020. As incertezas também são grandes em relação ao financiamento das ações de mitigação e adaptação para as mudanças climáticas, fundamental para os países mais pobres entrarem na via do desenvolvimento sustentável.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, representa o Brasil nas negociações.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, representa o Brasil nas negociações. Divulgação/Gabinete Digital – PR.
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Desde quarta-feira (10), as negociações estão sendo levadas pelos ministros do Meio Ambiente dos 195 países da ONU. O objetivo é alinhavar um acordo climático global obrigatório para vigorar após a vigência dos compromissos assumidos em Copenhague, em 2009.

O novo acordo deve ser assinado dentro de um ano, na Conferência do Clima de Paris. Mas para que isso ocorra, o ritmo das negociações em Lima precisa se acelerar, segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, que reúne organizações e movimentos sociais envolvidos com as questões climáticas.

“O governo do Peru vem trabalhando desde o ano passado junto com o governo da França, para que essas duas conferências não sejam desconectadas, e façam parte de um processo que nos leve a um melhor resultado em Paris. Do ponto de vista prático, sobre o que está na mesa até agora, a gente tem que avançar muito até o final desta semana, para sairmos daqui com o caminho inicialmente bem pavimentado para um processo muito claro no decorrer do ano que vem”, afirma Rittl, que está no Peru acompanhando o evento. “Essa é a condição para sairmos de Paris com um acordo, que é o que todos esperamos, com muita clareza sobre qual a responsabilidade que cada país assumiu, em relação à conta do clima.”

Rittl observa que a presidência da COP vem indicando que será necessário “mais boa vontade” para destravar o texto – inclusive dos países emergentes. O princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas é uma das principais bandeiras de países como o Brasil, a Índia ou a China. Mas o ambientalista lembra que hoje os emergentes se tornaram grandes poluidores e devem assumir compromissos mais ambiciosos.

“Podemos lembrar de Copenhague. Quando o Brasil, mesmo não tendo obrigação, colocou na mesa de negociações a sua meta voluntária de redução de emissões, isso foi considerado uma novidade importante, que fez com que outros países em desenvolvimento acabassem assumindo compromissos. Aquilo demonstrou que existe capacidade, nesses países, de fazer mais”, destaca. “Nós precisamos dessa boa vontade na mesa agora. A China já indicou fazer alguns movimentos importantes. A gente espera que o Brasil também faça, afinal o Brasil ainda está naquela condição de já ter feito muito e esperar o que os outros vão anunciar de compromissos para anunciar os nossos.”

A crise econômica tem travado as propostas de investimentos dos países para se adaptar às mudanças climáticas. Mais do que isso: impacta na ajuda financeira prometida para as nações menos desenvolvidas para enfrentar este desafio.

“A gente tem que chegar em um caminho de US$ 100 bilhões anuais para apoiar ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento, e a gente está muito longe de ter compromissos claros em relação a isso. Se a gente mobiliza, como mobilizou, imensas massas de recursos para salvar as instituições financeiras no mundo durante a crise econômica, é óbvio que nós deveríamos ter a capacidade de mobilizar recursos na escala necessária para tratar da emergência climática”, explica. “O desafio das mudanças climáticas é o maior deste século.”

A Conferência do Clima do Peru se encerra nesta sexta-feira (12). Presidentes de países como Colômbia, México, Bolívia e Chile confirmaram presença no evento.
 

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