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Linha Direta

Rituais, orações e arrependimento marcam Ano Novo judaico

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Os judeus comemoram hoje por todo o mundo o Ano Novo, ou Rosh Hashana. A data é uma das mais importantes do calendário judaico, que entra no ano de número 5775, e é celebrada durante dois dias por judeus do mundo inteiro e de todas as correntes, mesmo os não religiosos.

As comemorações pelo Ano Novo Judaico começou ao anoitecer do dia 24 de setembro.
As comemorações pelo Ano Novo Judaico começou ao anoitecer do dia 24 de setembro. REUTERS/Konstantin Chernichkin
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Daniela Kresch, correspondente da RFI Brasil em Tel Aviv

O Ano Novo judaico, ou Rosh Hashana, começou na noite de ontem (24) e só termina no anoitecer de sexta-feira (26). A data, feriado nacional em Israel, é celebrada por 48 horas, sendo que o primeiro dia, 25 de setembro, começou, na verdade, no anoitecer de ontem. Os dias judaicos começam sempre assim que nasce a primeira estrela e terminam ao anoitecer do dia seguinte.

A expressão "Rosh Hashana" quer dizer literalmente “Cabeça do Ano” e é uma das datas religiosas mais celebradas, até mesmo pela maioria secular de Israel e judeus não religiosos do mundo todo. Segundo calendário judaico, estamos no ano de 5775 após a criação da Humanidade.

O Ano Novo marca a criação de Adão e Eva ou o sexto dia do Gêneses bíblico. Como as festas judaicas têm sempre um cunho agrícola também, o Ano Novo marca o começo do outono, um novo ciclo de plantações para a colheita da primavera.

Reflexão e clemência

A data é uma das mais importantes para os judeus, tanto mais seculares quanto mais religiosos, moradores de Israel ou de outros países no mundo.

Pela tradição, os judeus devem repensar suas ações do ano anterior, pedir desculpas a parentes e conhecidos por atos dos quais se arrependem e, acima de tudo, pedir clemência a Deus.

Os próximos 10 dias são chamados de “Dias Terríveis”, que acabam no Yom Kippur, o “Dia do Perdão”, quando os mais fiéis costumam jejuar por 25 horas para expiar seus pecados.

Durante esses dez dias, os mais devotos se esforçam para se arrepender diante da divindade com o objetivo de serem inscritos no “Livro da Vida”, no qual, segundo uma tradição que começou por volta do ano 500 D.C., o nome de cada fiel é inscrito no rol dos que merecem ir para o céu ou dos que se destinam para o inferno depois da morte.

Há quem deseje, neste dia, que seus entes queridos sejam “inscritos” e “assinados” do lado mais brando do “Livro da Vida”.

Ritos do feriado

Durante o Rosh Hashana, os judeus costumam se vestir de branco e se reunir com as famílias para uma ceia repleta de símbolos de recomeço, como cabeças de peixe.

Mas come-se também maçãs com mel, ou bolos de mel, além de romãs, que simbolizam o desejo por um ano novo doce e feliz.

Os mais religiosos vão às sinagogas para rezar uma oração especial durante a qual o rabino toca o shofar, uma espécie de trompete feito de chifre de carneiro. A liturgia é especial para essa data e as orações, também únicas.

Em Israel, a grande maioria dos judeus é secular, mas muitos visitam sinagogas nesse dia e quase todos se reúnem com famílias e amigos para refeições festivas.

Ano Novo e cessar-fogo

Será que este feriado do Ano Novo afeta as negociações entre israelenses e palestinos para manter o cessar-fogo no conflito dentre Israel e o grupo islâmico Hamas? Afeta, sim. Por causa do Ano Novo e do Yom Kippur em dez dias, além de mais outros dois feriados em seguida, os israelenses não costumam começar nada importante no chamado “mês das festas”.

Entre os muçulmanos, também há um feriado importante nos próximos dias, o Eid al-Adha, ou “Festa do Sacrifício”, em 6 de outubro, que lembra o quase sacrifício de Ismael, o pai dos muçulmanos, por seu pai, o patriarca Abraão.

Por isso é que tanto israelenses quanto palestinos concordaram em adiar por um mês as negociações no Cairo.

Como se sabe, o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, quer negociar a construção de um porto e de um aeroporto em troca da renovação da trégua que acabou com os 50 dias de confronto entre Israel e Gaza, de 8 de julho a 26 de agosto.

Já Israel quer que o Hamas entregue as armas e devolva os restos mortais de dois soldados mortos durante o conflito.

Enquanto isso, as principais facções políticas palestinas, o Hamas e o partido moderado Fatah, estão no Egito negociando entre elas a manutenção do governo de união nacional palestino.

As duas fações não se entendem quanto a muitos assuntos, entre eles o reconhecimento do Estado de Israel.

 

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