Para especialistas, redes sociais acabam com divisão entre público e privado
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Justine Sacco era uma poderosa executiva em Manhattan, diretora de Comunicação de um grande grupo quando embarcou em Londres, nesta sexta-feira, em direção à África do Sul. Ao chegar na cidade do Cabo, 12 horas depois, era uma ilustre desempregada. Tudo por causa de um tuíte que ela publicou: “Indo para a África. Espero não ser contaminada pela Aids. Estou brincando. Sou branca!”. Apesar de ter apenas 200 seguidores no twitter, uma dessas pessoas retuitou a mensagem e o escândalo ultrapassou as fronteiras cibernéticas.
Para Luciana Ruffo, psicóloga do NPPI – Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática, da PUC-SP, uma pessoa sozinha diante do computador ainda tem a ilusão de que ela está num ambiente protegido, cercada só de pessoas conhecidas. “Antigamente a rede de fofoca de era feita no portão da casa – a Internet tem um pouco essa função, mas com proporções absurdamente maiores”.
“A maior dificuldade hoje é as pessoas se darem conta do fim da privacidade”, diz Celso Figueiredo, doutor em Comunicação e professor e pesquisador da universidade Mackenzie, especialista em comunicação social. “O espaço do privado e do público foi se misturando e ele começa a criar imbricações entre o espaço pessoal e o profissional”.
Gafes esportivas e políticas
As gafes e foras nas redes sociais não são novidade. Nas últimas Olimpíadas, em Londres, uma atleta grega escreveu o seguinte: “Com tantos Africanos na Grécia pelo menos os mosquitos do Nilo Oriental vão comer comida caseira”. Já um jogador olímpico suíço de futebol postou que ia acabar com os sul-coreanos, que deveriam ser queimados e que eram mongoloides. Ambos foram expulsos das respectivas seleções e mandados para casa.
O mundo político também é campo fértil para tropeços cibernéticos. O mais ilustre é da primeira-dama Valérie Trierweiller, que em um tuíte no dia de eleições locais, elogiou um candidato, rival direto de Ségolène Royal, ex-companheira do presidente François Hollande.
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