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Fato em Foco

Intervenção militar na RCA domina cúpula da França com países africanos

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Cerca de 40 líderes africanos participam nesta sexta-feira e sábado de uma cúpula para a segurança e a paz na África realizada no palácio do Eliseu, em Paris. O principal tema do encontro é a intervenção militar francesa na República Centro-Africana, aprovada nesta quinta-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Clique em "Ouvir" para conferir o programa completo.

Soldados da Seleka durante combate em Bangui, capital da República Centro-Africana, nesta quinta-feira, 5 de dezembro de 2013.
Soldados da Seleka durante combate em Bangui, capital da República Centro-Africana, nesta quinta-feira, 5 de dezembro de 2013. REUTERS/Emmanuel Braun
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A violência no país não para de aumentar desde que os rebeldes da Seleka tomaram o poder na capital Bangui, em março. Às atrocidades cometidas pelos novos dirigentes respondem os ataques das milícias que se organizaram para resistir à Seleka.

O diretor de teatro Vincent Mambachaka, representante da sociedade civil no Conselho Nacional de Transição da República Centro-Africana, acompanha a cúpula em Paris. Ele contou à RFI como está a situação em seu país: "A degradação da segurança na República Centro-Africana está se acelerando. Há cada vez mais assassinatos seletivos. Em quase todo o país há movimentos de insurreição popular que podem nos levar a uma situação de caos e genocídio. No plano humanitário, a situação piorou muito em todo o território nacional. Milhares de pessoas vivem no meio da selva, sem nenhuma ajuda."

"É urgente que a comunidade internacional faça uma intervenção militar. Mas mesmo que seja para pacificar o país, uma intervenção não pode ser feita sem ser acompanhada por programas de desenvolvimento. Acho que foi esse o erro das intervenções estrangeiras anteriores. A maioria dos jovens que lutam nas forças da Seleka ou nos diferentes movimento de rebelião da República Centro-Africana foram levados a isso pela miséria. Essa é a única opção que eles têm para sobreviver", disse Vincent Mambachaka.

Hesitação

Depois de enviar suas tropas para o Mali em janeiro, o presidente François Hollande hesitou em entrar no conflito de mais uma ex-colônia. "A comunidade internacional pensou durante cinco meses que a Seleka podia administrar a República Centro-Africana e estabilizar a situação, mas desde o início isso era impossível. Além disso, a França não queria se envolver novamente na República Centro-Africana, onde ela já fez várias intervenções que nunca deram muito certo", explicou Thierry Vircoulon, diretor da região Africa Central na ong International Crisis Group, que trabalha para a prevenção e resolução de conflitos armados.

"No Mali havia um perigo ao mesmo tempo para a segurança do Sahel e dos malineses e para a Europa. Havia uma ameaça terrorista que estava se desenvolvendo. Atualmente esse perigo não existe na República Centro-Africana. O que acontece é uma multiplicação dos episódios de violência de massa que provoca a desestabilização do país e pode afetar toda a região. Não creio que hoje existam grupos terroristas na República Centro-Africana, mas isso pode acontecer em um futuro próximo caso essa crise continue sem uma reação internacional ou caso a resposta internacional seja inadequada", analisa o professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris Roland Marchal. 

Especialista nas políticas das grandes potências na África, ele não acredita que a cúpula em Paris marque uma virada na política externa da França em relação a suas ex-colônias: "Não é no final dessa reunião que perceberemos diferenças de política externa entre esse governo de esquerda e o período em que a direita esteve no poder. As mudanças acontecem por meio de políticas aplicadas de maneira contínua durante meses e anos, sobretudo em um momento em que a França não quer aumentar seus gastos na África."

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