Suícidio de casal de idosos relança debate sobre eutanásia na França
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As conclusões do relatório do comitê criado pelo governo para discutir a questão da eutanásia na França serão apresentadas no próximo dia 16 de dezembro. A ampliação da atual legislação foi uma das promessas de campanha do presidente François Hollande, que se comprometeu a lançar um debate nacional sobre o assunto.
O tema ganhou um novo fôlego depois do suicídio de um casal de octagenários no famoso hotel Lutetia, em Paris, no ultimo dia 21 de novembro.
Um ato quase militante. Georgette e Bernard Cazes, de 86 anos, deixaram uma carta explicando temer mais a "dependência do que a morte", e reivindicando o direito à morte assistida.
Hoje na França, apenas a eutanásia passiva é autorizada, o que significa que o paciente tem apenas direito de morrer autorizando a suspensão dos remédios e do tratamento.
Segundo uma pesquisa encomendanda pela ADMD, Associação Pelo Direito de Morrer com Dignidade, 92% dos franceses são favoráveis à eutanásia para vítimas de doenças incuráveis ou que trazem grande sofrimento.
O presidente da ADMD, Jean Luc Romero, considera a lei atual cruel, já que, sem tratamento, o paciente poder demorar horas ou semanas para morrer.
“Militamos por uma outra lógica. Hoje, aqueles que estão em volta da cama do paciente é que decidem o que vai acontecer com a pessoa que está no fim da vida. Ou seja, os médicos e seus herdeiros. Queremos que a própria pessoa possa tomar essa decisão. Por isso defendemos a legalização da eutanásia e do suicídio assistido. E que a pessoa decida, por ela mesma, o que ela deseja no fim da vida.”
Eutanásia é autorizada em quatro países europeus
Quatro países europeus autorizam a eutanásia : o Luxemburgo, a Suíça, a Holanda, o primeiro a legalizar a prática, e a Bélgica. Mas hoje, para um paciente francês, é extremamente diíficl obter a execução do ato em um outro país. Para Jean Luc Romero, o suicídio do casal do Lutetia evidencia um mal estrar crescente na França em relação ao tema.
Para a psicanalista Eva Landa, radicada em Paris, o suicídio do casal do Lutetia foi um ato militante, que vai muito além da decisão de colocar um fim à própria vida.
"A gente sabe que o suicídio é um pedido de socorro, mas em alguns casos é uma decisão da pessoa diante de um sentimento insuportável. O casal escolheu uma morte terrível, que eu imagino seja para dar um sentido ao ato."
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