A crise política no Egito, que deixou centenas de mortos e feridos, também atinge os jornalistas que arriscam a vida na cobertura do conflito. A situação hoje está mais calma do que na semana passada, quando pelo menos 500 pessoas morreram durante uma ação policial para retirar os manifestantes de duas praças no Cairo, mas o risco continua latente.
Neste dia fatídico, dois repórteres morreram: Habiba Ahmed Abd Elaziz, do Xpress, um jornal dos Emirados Árabes Unidos, e Mick Deane, cinegrafista do canal Sky News. Segundo depoimentos, muitos ficaram feridos, foram agredidos ou presos arbitrariamente, como o correspondente da RFI no Cairo, Hugo Bachega, detido durante sete horas. O fotógrafo do jornal Folha de S. Paulo, Joel Silva, passou perto da morte. Atingido por uma bala de raspão na cabeça, ele foi salvo graças ao capacete que utilizava durante a cobertura de um ataque a uma delegacia.
O correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, Andrei Netto, que já cobriu diversos conflitos e foi preso durante a guerra na Líbia em 2011, lembra uma das características que dificulta o trabalho da imprensa no país: a situação pode mudar repentinamente.
"O ânimo da opinião pública, a reação da opinião pública, muda muito rapidamente e foi exatamente o que aconteceu nesta semana, mas uma vez nesta semana, quando parte da opinião pública que apoia o golpe militar e o governo interino, em especial o general al-Sissi, acabou se voltando subitamente contra os jornalistas depois do massacre da quarta-feira.
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