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Reportagem

Protestos podem acelerar luta contra a corrupção, dizem especialistas

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A ong Transparência Internacional divulgou nesta terça-feira, 9 de julho de 2013, os resultados de uma ampla pesquisa sobre a percepção da corrupção em 107 países do mundo. Para quase metade dos brasileiros a corrupção aumentou nos últimos dois anos. Mas há também um aspecto positivo. Segundo os especialistas entrevistados pela RFI, os recentes protestos mostraram que a população está disposta a demonstrar seu descontamento, e que a pressão das ruas pode fazer com que a luta contra a corrupção avance mais rápido.

Plenário da Câmara dos Deputados do Brasil; segundo uma pesquisa da ONG Transparência Internacional, 72% dos brasileiros consideram que o parlamento é corrupto.
Plenário da Câmara dos Deputados do Brasil; segundo uma pesquisa da ONG Transparência Internacional, 72% dos brasileiros consideram que o parlamento é corrupto. José Cruz/ Agência Brasil
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A ong Transparência Internacional divulgou nesta terça-feira os resultados de uma ampla pesquisa sobre a percepção da corrupção em 107 países do mundo. Os brasileiros estão alinhados com a média mundial. 47% deles consideram que a corrupção no país piorou e 35% que ela permaneceu igual nos últimos dois anos.

Segundo Alejandro Salas, diretor regional da ong para as Américas, os protestos que reuniram milhares de pessoas em várias cidades do Brasil em junho foram uma demonstração prática dos dados coletados na sondagem.

"Este ano perguntamos às pessoas nesta pesquisa se estariam dispostas a fazer algo contra a corrupção. 55% dos brasileiros responderam que estariam dispostos a participar de um protesto contra a corrupção. Inicialmente as manifestações no Brasil eram motivadas pelo custo do transporte e os péssimos serviços públicos. Mas logo as pessoas começaram a ligar esses problemas à corrupção e ao desperdício de dinheiro em nível de governo. Fiquei positivamente surpreso com o fato de que as pessoas digam que a corrupção afeta sua qualidade de vida. Essa é uma mensagem forte e muito importante que os brasileiros estão dando para todo o mundo", disse ele.

Segundo a pesquisa, 81% dos brasileiros consideram os partidos políticos corruptos ou muito corruptos, contra em média 65% dos habitantes de outras partes do globo. Além disso, 72% dos brasileiros avaliam que o Congresso é corrupto, contra 57% da média mundial. Uma outra constatação que ficou evidente nas ruas segundo David Fleischer, cientista político e professor emérito da Universidade de Brasília.

"Muitos dos manifestantes reclamaram que não se sentiam representados. Isso é uma crítica severa ao nosso sistema de representação democrática", enfatizou ele, apontando que os três poderes reagiram a essa reprimenda do povo com medidas pontuais e que a pressão popular deve continuar.

Estudioso do sistema político brasileiro desde os anos 70, David Fleischer afirma que a principal dificuldade para reduzir a corrupção no país é a impunidade. Ao contrário do que acontece em outros países, as pessoas condenadas por corrupção em uma primeira instância só vão para a cadeia depois que todos os recursos forem esgotados, o que pode demorar décadas.

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